José Lima é o atual coordenador do Plano Nacional de Ética no Desporto (PNED), que procura lançar um conjunto de iniciativas que divulguem os valores éticos do desporto, como o respeito, cooperação e "fair play".
No lançamento da 2ª Conferência Bola Branca “Talento, Ética e Igualdade”, que se realiza a 22 de maio, o coordenador do PNED explica o trabalho desenvolvido pela equipa e também as principais ameaças aos valores do desporto no futebol moderno em Portugal.
Ao nível dos clubes de topo, na formação há uma grande e genuína preocupação, com equipas fantásticas na formação dos seus atletas. Entra-se noutro campo, na dimensão da SAD. Há problemáticas que colocam em causa os valores do desporto por vezes: os negócios e os milhões. Cria-se um desequilíbrio no que o desporto tem de bom. O poder e influência levam a estes problemas.
O cartão branco tem sido uma iniciativa de sucesso?
Tem havido um aumento consistente das amostragens, mas gostaria de desafiar e aproveitar a presença de presidentes de Federações que vocês vão ter na conferência: por que não levar o cartão branco para os escalões profissionais? É um desafio interessante, o cartão branco revela e manifesta o que há de bom no desporto, como o "fair play".
O cartão já está bem introduzido e adaptado no futebol nacional nos escalões de formação?
No início os próprios árbitros e dirigentes desconfiavam do cartão e até gozavam com o objetivo dele. Pela persistência fomos introduzindo. Os árbitros, depois de uma certa resistência, perceberam a capacidade que tem. É curioso que o objetivo eram os escalões de formação, mas as próprias dederações viram o potencial e passaram para os séniores e outras modalidades.
O trabalho do PNED tem um objetivo final ou é de permanência?
Ainda ontem vimos buscas nas SAD dos principais clubes do país. As ameaças ao desporto são uma permanência, como os pais que não se sabem comportar nos estádios. É um desafio constante, são dificuldades que nunca vão desaparecer porque derivam dos limites e problemas do ser humano e da sociedade, que são vividas também no desporto. O nosso dever e trabalho é, por isso, permanente e não podemos desistir.
Discute-se cada vez mais o tema da ética no Desporto por consequência do vosso trabalho?
Penso que o plano provocou a presença do tema da ética e dos valores, quer nos clubes, quer na comunicação social. Levou a essa presença mais assídua do tema. Houve também aspetos mais concretos como o cartão branco, que é uma marca que estamos a deixar, e a criação da certificação da bandeira da ética, de boas práticas ao nível dos valores,