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Vacinar 70% da população portuguesa contra a Covid-19 até ao final do verão é possível, mas é preciso uma nova estratégia e multiplicar por três o ritmo de vacinação, afirma Rui Nogueira, antigo presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar.
“Se nós continuássemos com este ritmo de vacinação, demoraríamos 15 meses para vacinar seis milhões de pessoas, nem sequer seriam 70%. No mínimo, temos de triplicar a velocidade de vacinação”, defende Rui Nogueira, em declarações à Renascença.
O médico considera que para acelerar o processo Portugal precisa de uma nova estratégia de vacinação e tem de ter acesso a mais doses.
“A única forma é termos mais vacinas disponíveis e, por outro lado, a gestão criteriosa das vacinas, uma outra estratégia. Sermos muito rápidos a disponibilizar e distribuir as vacinas à medida em que elas forem chegando e principalmente, nesta fase, não vacinar as pessoas que já foram infetadas. À luz conhecimento que temos, as pessoas que foram infetadas estão defendidas, têm uma vacina natural”, sublinha.
Através da realização de testes serológicos seria possível detetar pessoas que tiveram Covid-19, mas que estiveram assintomáticos, defende Rui Nogueira.
A vacinação contra a Covid-19 em Portugal arrancou a 27 de dezembro de 2020. Em 50 dias, pouco mais de 2% da população portuguesa foi vacinada.
A ministra da Saúde avançou esta segunda-feira que, até agora, Portugal pode, afinal, receber 2,5 milhões de vacinas para a Covid-19 até ao final do primeiro trimestre.
O número de 2,5 milhões é uma evolução positiva em relação às previsões avançadas na semana passada pelo primeiro-ministro. António costa disse, na quinta-feira, que Portugal só deveria receber até ao final de março metade das 4 milhões de vacinas contratadas, mais concretamente 1,98 milhões de doses.
De acordo com Marta Temido, até esta segunda-feira, Portugal recebeu cerca de 800 mil doses de vacinas e 200 mil pessoas já tomaram as duas doses.
Neste contexto, vacinar 70% da população até ao final do verão é possível? Rui Nogueira acredita que sim e explica porquê.
“Eu ainda assim acredito, porque estas vacinas que agora nos estão a fazer falta virão mais para a frente. A partir de julho é suposto termos mais vacinas do que o inicialmente estava previsto. Temos menos agora e mais depois. Podemos vacinar mais pessoas do que aquilo que estava previsto e ainda assim chegarmos ao final do verão com o objetivo alcançado”, sublinha o antigo presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar.
Portugal regista esta segunda-feira 90 mortes e mais 1.303 casos de Covid-19, indica a Direção-Geral da Saúde (DGS).
É o número mais baixo de vítimas mortais pelo novo coronavírus desde 5 de janeiro (em 41 dias) e de novas infeções desde 26 de dezembro (51 dias).