O presidente da Câmara de Matosinhos, Guilherme Pinto, morreu este domingo de madrugada, vítima de doença prolongada.
"Guilherme Pinto morreu em casa, junto da família e de modo tranquilo, após mais de dois anos de luta contra a doença", refere o comunicado da autarquia.
O velório decorre, a partir das 9h00 deste domingo, no salão nobre dos Paços do Concelho.
O corpo sai, na segunda-feira, pelas 15h30, para a igreja do Senhor de Matosinhos, onde vai decorrer uma missa celebrada pelo bispo do Porto, António Francisco dos Santos.
No início da semana, Guilherme Pinto tinha apresentado o pedido de renúncia ao mandato, devido ao seu estado de saúde – uma decisão que produziria efeito a partir de 1 de Fevereiro.
"Objectivos essenciais foram cumpridos"
O homem que passou os últimos 11 anos a liderar a autarquia de Matosinhos nasceu em Matosinhos a 21 de Abril de 1959, licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra, foi professor do ensino secundário e exerceu a profissão de advogado.
Vice-presidente da Câmara de Matosinhos desde 2001, apresentou a sua candidatura à liderança da autarquia em Julho de 2005, numa altura em que profundas clivagens marcavam o PS local, com um conflito aberto entre o então presidente da autarquia, Narciso Miranda, e o líder da concelhia socialista da altura, Manuel Seabra.
Os dois estiveram envolvidos em incidentes do último dia de campanha das eleições europeias, em Junho de 2004, na Lota de Matosinhos. Após isso, o cabeça-de-lista socialista ao Parlamento Europeu, Sousa Franco, viria a morrer, vítima de ataque cardíaco.
Na sequência do incidente, o PS decidiu impedir Narciso Miranda e Manuel Seabra de se candidatarem à presidência da Câmara de Matosinhos nas eleições autárquicas seguintes, abrindo assim caminho ao “número dois”, o socialista Guilherme Pinto.
O então dirigente nacional do PS, Pedro Silva Pereira, elogiou o candidato dizendo: "Por detrás de um grande presidente está sempre um grande vereador e esse vereador é Guilherme Pinto".
Em Novembro de 2005, Guilherme Pinto assumiu o cargo de vice-presidente da Junta Metropolitana do Porto (JMP), onde lutou pela expansão da rede do Metro do Porto e se opôs ao social-democrata Rui Rio, naquela que foi a primeira grande divisão política interna daquela entidade.
Ao nível local, Guilherme Pinto acabaria por se confrontar com o seu ex-presidente Narciso Miranda, que decidiu candidatar-se como independente nas autárquicas de 2009, eleições marcadas em Matosinhos pela "guerra de irmãos desavindos" e troca de críticas entre os dois.
As eleições de Outubro de 2009 ditaram a vitória por 42,31% dos votos para Guilherme Pinto, que, por perder a maioria absoluta, teve de negociar o apoio do cabeça-de-lista do PSD, José Guilherme Aguiar, atribuindo-lhe o pelouro do Desporto.
Em Julho de 2011, o líder da federação do PS/Porto, Renato Sampaio, apresentou a sua demissão do cargo, depositando em Guilherme Pinto "a gestão interna" da estrutura até à eleição dos novos órgãos.
Nas últimas eleições autárquicas, em 2013, Guilherme Pinto apresentou-se como independente contra o líder da concelhia do PS e presidente da Junta de Freguesia de Matosinhos, António Parada.
No início desse ano, o autarca tinha pedido a desfiliação do partido, num "passo decisivo para uma candidatura independente". Acabou por vencer por maioria absoluta as eleições, pondo fim àquele que fora um bastião socialista durante 37 anos.
"Fizemos história", disse por várias vezes no seu discurso de vitória.
Numa entrevista em Março de 2015, e em jeito de balanço dos anos frente à do concelho, onde começou como deputado municipal, Guilherme Pinto disse que todos os seus "objectivos essenciais foram cumpridos" e que o seu plano para a cidade estava a ser conseguido: o de a tornar um espaço capaz de "incentivar os cidadãos e criar um clima favorável à criatividade".