O presidente do PSD considera que a anulação de milhares de votos de emigrantes nas eleições legislativas é uma "situação profundamente desagradável" e "penosa". Rui Rio admite a necessidade de rever a Lei Eleitoral.
Em declarações aos jornalistas, na Assembleia da República, o líder social-democrata considera que os problemas verificados no processo de contagem dos votos dos círculos da Europa e Resto do Mundo eram perfeitamente evitáveis.
Rui Rio começou por argumentar que "a lei diz que o voto tem que ser acompanhado da identificação da pessoa, para garantir que foi aquela pessoa que votou. Isso não aconteceu numa série de votos e o PSD fez uma reclamação".
"Não era uma matéria muito grave se esses votos tivessem sido colocados à parte, à espera da deliberação final do juiz, a quem compete deliberar. O problema é que, apesar dessa reclamação do PSD, meteram esses votos dentro das urnas misturados com os outros votos. E deu esta situação profundamente desagradável e que era de evitar, em que se têm de não contar, por decisão do juiz", lamenta o líder do PSD.
Rui Rio considera que não se pode culpar o PSD por ter apresentado uma reclamação, mas sim quem misturou os votos.
“Se os votos sob protesto, que não trouxeram fotocópia do Cartão do Cidadão, não tivessem entrado na urna e tivessem ficado numa outra urna à espera da decisão, obviamente que isto não acontecia. A responsabilidade não é de quem reclama, a responsabilidade é de quem pegou neles e os misturou com aqueles que estavam bem. Eu não sei quantos são, mas a verdade é que por causa de dez mil anulam-se 100 mil. Obviamente que isso é penoso e estou completamente em desacordo com isso, mas porque é que não fizeram direito e atiraram com os votos todos para dentro da urna no início. Isso é que eu gostava de saber.”
Questionado sobre uma possível revisão da Lei Eleitoral, para que a situação não se volte a repetir em futuros atos eleitorais, o presidente do PSD manifestou abertura.
“Entendo que se deve olhar para a lei, procurar uma solução que evite isto. Porque já fizeram isto há dois anos. Revisitar a lei para encontrar uma solução, sim. Que solução? Temos que ver, porque é preciso ter muita atenção que os votos efetivamente chegam à pessoa em concreto, depois se a pessoa dá a outro para votar, isso já é com ela. Não é com quem organiza. Temos de ter a certeza que os votos foram parar à pessoa e não todos ao mesmo sítio, por exemplo", sublinha.