Veja também:
- Os últimos números da pandemia em Portugal e no mundo
- Todas as notícias sobre a pandemia de Covid-19
- Guias e explicadores: as suas dúvidas esclarecidas
- Boletins Covid-19: gráficos, balanços e outros números
Contas feitas, “mais de 47% dos médicos que tiveram contacto com um caso de Covid-19, considerados suspeitos de infeção ou com sintomatologia compatível com a doença, nunca foram submetidos a qualquer teste”, revela um inquérito lançado pela Ordem dos Médicos.
Intitulado “Identificação da exposição dos médicos ao SARS-CoV-2”, o inquérito teve como principal objetivo “ficar a conhecer melhor a realidade no terreno”. Ao todo, foram 6.613 os médicos que responderam às perguntas, entre os dias 8 e 14 de abril.
Os dados preliminares revelam que, “entre os médicos que fizeram um teste, mesmo assim, cerca de 19% tiveram de esperar sete ou mais dias pela sua realização e 21% esperaram entre três e seis dias. Só 59% viram o procedimento concretizado em menos de três dias”.
As respostas recolhidas permitem concluir desde já que “a anestesiologia, a medicina geral e familiar, a medicina interna e a pediatria foram as especialidades com mais médicos infetados, representando 51% do total”. Seguem-se os médicos internos.
Diz ainda o documento que “perto de 3% dos médicos que responderam estavam ou já tinham estado infetados e cerca de 6% estavam impedidos de trabalhar por diagnóstico positivo ou quarentena”.
A maioria dos clínicos infetados são da região Norte, seguindo-se depois a região Sul e a zona Centro.
O inquérito fala em ‘escassez de equipamentos de proteção individual, sobretudo adequados à função de cada profissional, e falta de divulgação de informação clara sobre materiais a utilizar, como e quando”, diz o bastonário Miguel Guimarães, segundo o qual estes foram “motivos que levaram a um número de infeções que podiam ter sido evitadas”.
Miguel Guimarães não se conforma com o facto de as orientações da Direção-Geral da Saúde referentes aos profissionais de saúde com exposição a SARS-CoV-2 “serem muito restritivas em termos de testagem, uma vez que estipulam que, mesmo nos casos com alto risco de exposição só sejam encaminhados para exames laboratoriais os profissionais que desenvolvam sintomas”.
Numa altura em que se está progressivamente a regressar à realização de cirurgias e de exames, é essencial, sublinha a Ordem dos Médicos, “que se testem regularmente todos os profissionais de saúde, assim como todos os casos suspeitos”.
Alerta o bastonário que “não podemos correr o risco de não proteger a vida de quem cuida da vida dos doentes”.
Numa reação a este inquérito, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, admite fazer uma revisão das estratégias de testagem à covid-19 em função do dinamismo do novo coronavírus SARS-Cov-2.
[notícia atualizada às 15h43]