O líder do PSD afirmou esta quarta-feira que os sociais-democratas levarão "até às últimas consequências" o apuramento do caso das transferências não detectadas para paraísos fiscais, dizendo que farão o contrário da "ocultação" do Governo e maioria na Caixa.
"Na ocasião em que desempenhei funções governativas, nunca tive conhecimento de nenhuma situação destas, quero dizer-lhe hoje na oposição que sou o primeiro interessado em que se apure exactamente tudo o que se passou", afirmou Passos Coelho, no início da sua intervenção no debate quinzenal na Assembleia da República, referindo-se à notícia de terça-feira do Público, segundo a qual quase dez mil milhões de euros em transferências realizadas entre 2011 e 2014 para contas sediadas em paraísos fiscais não foram alvo de qualquer tratamento por parte da Autoridade Tributária e Aduaneira.
O líder do PSD considerou que será necessário ouvir os "actuais e anteriores responsáveis políticos", bem como da Autoridade Tributária, e assegurou que a sua bancada levará "até às ultimas consequências o apuramento da situação".
"Faremos hoje na oposição exactamente o contrário do que os senhores, no Governo e na maioria, estão a fazer em relação à Caixa Geral de Depósitos, onde existe uma plena ocultação e uma violação das regras mais básicas da transparência", acusou.
Na resposta, o primeiro-ministro, António Costa, acusou Passos Coelho de "lavar as mãos" da responsabilidade política sobre este caso.
"Verifico que, relativamente ao período do seu governo, PSD e CDS têm seguido o princípio da partilha de responsabilidade: quando falamos do Banif, a líder do CDS-PP Assunção Cristas diz nada saber, quando se fala de incumprimento pela administração fiscal - sob tutela de secretário de Estado do CDS - é o senhor deputado, então primeiro-ministro, que lava as mãos", criticou Costa.