A diretora-geral da Saúde e o secretário de Estado da Saúde defenderam, esta segunda-feira, o Código de Conduta criado em colaboração com a Federação Portuguesa de Futebol (FPF), para a retoma da I Liga de futebol.
Os jogadores queixam-se de que a responsabilidade pelo risco está a ser-lhes imputada, contudo, Graça Freitas sublinhou que todos terão de fazer a sua parte.
"Esta coordenação com a FPF é exatamente para minimizar a ocorrência de casos positivos. O Código de Conduta vai permitir que toda a comunidade envolvida nestes jogos minimize o risco de vir a ter um teste positivo. Isto faz-se com medidas de maior isolamento social possível, que foi o que nos aconteceu durante os 45 dias que estivemos ao abrigo do isolamento. Aqui aplica-se a mesma coisa: é o princípio da precaução, fazer tudo para que não tenhamos, sequer, de chegar ao ponto de correr um risco concreto e, em função disso, propor medidas. Em qualquer contexto em que o risco não é zero, todos os atores têm responsabilidade", sublinhou a diretora-geral da Saúde, em conferência de imprensa.
Posição sustentada pelo secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, que salientou que "esta retoma de atividade tem de ser muito baseada na testagem, no isolamento, na proteção e no tratamento":
"Esse é, garantidamente, o trabalho da saúde. À Federação, cabe fazer o seu trabalho, que é operacionalizar, de acordo com as diretrizes e orientações da Direção-Geral da Saúde (DGS). Foi feito um trabalho muito próximo e muito profícuo entre a FPF e a DGS. Ontem [domingo] mesmo finalizámos um parecer técnico onde estão plasmadas as nossas principais preocupações e as nossas diretrizes, relativamente a esta matéria. Os níveis de responsabilidade estão muito bem definidos. Obviamente, se cada uma das partes fizer bem o seu trabalho, a retoma será bem-sucedida."
Como fazer uma cirurgia
Graça Freitas lembrou, de resto, que o Código de Conduta foi "aceite por todas as partes envolvidas" e deu um exemplo, para provar que não está a imputar maior responsabilidade aos jogadores.
"Quando vamos fazer uma cirurgia, temos de assinar consentimento informado. Estamos a ser informados de todos os riscos que decorrem da curirgia e, quando damos o nosso consentimento, não estamos a desresponsabilizar todos os outros intervenientes no processo", sublinhou.
Quanto a uma projeção do número de casos simultâneos que poderá levar as autoridades de saúde a reavaliar a retoma do futebol, a diretora-geral da Saúde salientou que prefere não fazer "futurologia".
Importa referir que há já vários jogadores de clubes da I Liga infetados: cinco do Famalicão, três do Vitória de Guimarães, um do Moreirense e um do Benfica.