O impacto da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Lisboa, entre 1 e 6 de agosto, ficou “aquém das expectativas”, tanto na capital, como na Área Metropolitana de Lisboa. É o balanço da Associação de Hotelaria de Portugal (AHP), que apresentou esta quinta-feira à imprensa o inquérito "Jornada Mundial da Juventude 2023 - Impacto na Hotelaria".
As previsões de junho da AHP apontavam para taxas de ocupação de 89% na Área Metropolitana (excluindo a cidade de Lisboa) e de 91% na capital, mas os valores finais acabaram por se fixar em 85% e 77%, respetivamente. Ainda assim, 41% das unidades hoteleiras dizem ter tido uma taxa de ocupação superior a 90% durante a JMJ. Resultados que, apesar de tudo, não surpreenderam a vice-presidente executiva da AHP, Cristina Siza Vieira.
"A taxa de ocupação ficou bastante aquém das perspetivas, mas já em julho e agosto avisámos que o ritmo da hotelaria estava a arrefecer e que as previsões do início do semestre não se iam concretizar”, explicou.
No que toca ao preço médio, os resultados também ficaram abaixo do esperado. Em relação à cidade de Lisboa, a AHP apurou que o preço médio por noite durante o evento se fixou nos 221 euros, quatro euros abaixo do previsto em junho (225 euros). Já quanto à restante AML, a diferença foi maior: as previsões apontavam para 219 euros, mas o valor final ficou pelos 196 euros.
Em comparação com o total de agosto, os números na semana da JMJ também foram inferiores. A taxa de ocupação na capital em todo o mês foi de 88%, mais três pontos percentuais do que na semana da JMJ (85%). De forma semelhante, o preço médio por noite de 1 a 31 de agosto na restante AML fixou-se nos 80%, em comparação com os 77% registados durante o evento católico.
Mercados dominantes também foram “surpreendentes”
Na semana da JMJ, Espanha (72%), Portugal (64%) e os EUA (40%) foram os três principais mercados na AML, enquanto em Lisboa o pódio é composto pelos EUA (62%), Espanha (35%) e Brasil (27%) - números que "surpreendem, principalmente no caso do Brasil". Cristina Souza Vieira destacou o facto de a população brasileira ser uma das “mais representativas na capital, mas ter uma percentagem marginal nas estadas no resto da AML, de apenas 12%”.
A AHP aproveitou ainda para fazer um levantamento das opiniões dos empreendimentos turísticos em relação ao evento. De forma geral, os inquiridos na AML dizem que o impacto foi positivo: 56% das unidades mostram uma opinião positiva em relação ao evento, 16% um parecer negativo e 28% mostram-se neutros. Já na cidade de Lisboa, a diferença é mais ténue: 44% das unidades hoteleiras mostram-se satisfeitas, enquanto 37% dizem que o impacto foi negativo e 19% têm uma opinião neutra.
A duração das estadas durante a JMJ foi a única medida a não apresentar disparidades entre a previsão e os valores finais: a estada média fixou-se entre três e cinco noites, tanto em Lisboa como na AML.
O inquérito permite ainda concluir que a taxa de ocupação durante todo o mês de agosto diminuiu em relação ao período homólogo. No caso da AML, desceu de 90% para 88%. Já na capital, a queda foi de três pontos percentuais, de 83% para 80%.
Os dados são o resultado do inquérito realizado pela AHP, entre 4 e 18 de setembro. A amostra total foi de 152 empreendimentos, 75% dentro da cidade de Lisboa e 25% na restante AML.