Depois de ter dito aos jornalistas no congresso do PS deste fim de semana, em Lisboa, que gosta "muito" do Presidente da República, Pedro Nuno Santos foi a Belém reforçar a vontade de ter "uma boa relação institucional, uma muito boa relação" com Marcelo Rebelo de Sousa.
A reunião entre a delegação do PS e o Presidente da República terá, de resto, corrido de forma "cordial e divertida" e sem "tensão" de parte a parte, segundo é descrito à Renascença por diversas fontes, após a chuva de críticas que Marcelo sofreu durante todos os dias que durou o Congresso socialista deste fim de semana.
"O que lá vai, lá vai", referem fontes do PS à Renascença, após a reunião de uma hora e vinte com Marcelo, e nas declarações aos jornalistas após a audiência de apresentação de cumprimentos ao Presidente, o líder do PS considerou "fundamental para o bom funcionamento da democracia o bom relacionamento" entre os socialistas e Belém.
Pedro Nuno Santos teve, assim, necessidade de garantir que uma coisa é o que dizem os delegados socialistas, outra coisa é o relacionamento institucional da nova cúpula do PS com Marcelo. Aliás, o próprio líder socialista assumiu isso, claramente, à saída de Belém.
"Os delegados e quem participa no Congresso deve falar com toda a liberdade e fê-lo com toda a liberdade, manifestando aquela que a opinião individual de quem falou isso deve ser respeitado. É assim que funciona um partido aberto e democrático", começou por dizer Pedro Nuno Santos.
Logo a seguir, Pedro Nuno Santos deu a entender que não acompanha por completo aquela que foi a opinião massiva do Congresso do PS contra Marcelo. "Temos que separar aquilo que é a opinião individual de militantes e delegados e dirigentes até do Partido Socialista com o que é a posição institucional do PS", completou o líder socialista.
A tudo isto, Pedro Nuno acrescentou que ele próprio, durante os três dias de Congresso, teve o cuidado" de "preservar a relação" do PS e a sua própria "relação pessoal" com Marcelo, garantindo o novo líder socialista que este é um "ponto de honra".
Quanto ao que acontecer depois das legislativas de 10 de março, logo se vê. Pedro Nuno Santos diz que não tem "intenção" de "estar agora a dar conselhos sobre a forma como o senhor Presidente da República deve encarar a configuração parlamentar e as soluções governativas que podem surgir da configuração parlamentar".
Pedro Nuno Santos diz-se, aliás, "focado num único cenário que não é esse, é mesmo no cenário da vitória do PS" e apresentar "uma solução de governo estável" ao país. De preferência, sem ter de deixar uma qualquer batata quente nas mãos do Presidente da República sobre o novo xadrez político.