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Os autarcas do norte do país foram apanhados de surpresa com a decisão da Galiza de colocar Portugal na lista de países de maior risco por causa da pandemia de Covid-19. Do lado de lá da fronteira garantem tratar-se apenas de uma medida preventiva, mas no norte de Portugal surgem declarações de incompreensão perante a decisão da Junta Autónoma.
Já a partir desta quarta-feira, quem chegar à Galiza de um país ou região com número de contágios superiores ao da região vai ter de o comunicar às autoridades no prazo de 24 horas e registar os dados numa plataforma.
A decisão das autoridades galegas envolve todos os viajantes que regressem à região provenientes de zonas com registo de contágios superiores. E Portugal está incluído na lista de países de maior risco.
Em declarações à Renascença, o secretário-geral do Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular, o galego Xoan Mao, garante não se tratar de uma “lista negra”. É apenas uma medida preventiva para “garantir a segurança das pessoas, em particular dos visitantes”.
Xoan Mao assegura, por outro lado, que não há nenhuma limitação de movimentos ou obrigação de quarentena. Nem tão pouco se destina em exclusivo a Portugal. O secretário-geral do Eixo Atlântico revela que ele próprio terá de comunicar às autoridades uma deslocação a Madrid, por exemplo.
“Fomos surpreendidos, não houve qualquer tipo de articulação"
A decisão das autoridades galegas apanhou de surpresa os autarcas do norte de Portugal. A medida é contestada por três autarcas ouvidos pela Renascença, mas também há uma perspetiva mais otimista.
Ricardo Rio, que para além de presidente da Câmara de Braga lidera a associação Eixo Atlântico, que agrega municípios do norte de Portugal e da Galiza, critica uma decisão muito penalizadora para o território.
“Nós fomos surpreendidos pela comunicação social com o anúncio da decisão tomada pela Junta Autónoma da Galiza. Embora a consideremos legítima, dentro dos poderes autónomos da junta, julgamos que ela é muito penalizadora do território que o eixo representa, mas também do que seria uma conduta um pouco mais justa para com este território do norte de Portugal.”
Ricardo Rio adianta que esta decisão contraria mesmo o pensamento reinante entre os autarcas das duas regiões de Portugal e da Galiza.
“Há cerca de um mês, nós Eixo Atlântico e os autarcas que representamos defendíamos o contrário, que fosse antecipada a reabertura de fronteiras. Além do impacto direto, esta decisão tem um efeito material muito negativo de atemorizar os galegos quanto à situação epidemiológica em Portugal”, afirma o presidente da Câmara de Braga.
Também o presidente da Câmara de Valença critica a decisão das autoridades galegas. Manuel Rodrigues Lopes fala de uma medida absurda, que em última análise, até pode beneficiar o norte de Portugal.
“O distrito de Viana de Castelo tem menos casos do que tem a Galiza. A restrição não diz respeito aos galegos visitarem Portugal, é ao contrário. Para nós, se calhar é melhor. Os portugueses ficam cá e quem fica prejudicada é a zona da Galiza”, argumenta Manuel Rodrigues Lopes, em declarações à Renascença.
Por sua vez, Miguel Alves, presidente da Câmara de Caminha, lamenta não ter existido nenhuma articulação com Espanha, até porque é preciso definir procedimentos, por exemplo ao nível do "transporte de fronteira" ao nível dos ferry-boats que cruzam o rio Minho.
“Fomos surpreendidos, não houve qualquer tipo de articulação. E no caso de Caminha é relevante, porque temos fronteira e um transporte fluvial”, afirma o autarca.
Miguel Alves sustenta que esta decisão prejudica a imagem da região do Alto Minho, que até apresenta números da Covid-19 bem inferiores aos registados do outro lado da fronteira.
Neste contexto, o presidente da Câmara de Caminha deixa um conselho a galegos e portugueses: "se não se sentirem tranquilos ou não quiserem ter o aborrecimento de fornecer os seus dados fiquem no Alto Minho".
De acordo com a norma, a partir de quarta-feira, quem chegar à Galiza de um país ou região com número de contágios superiores ao da região vai ter de o comunicar às autoridades no prazo de 24 horas e registar os dados numa plataforma.
Os trabalhadores portugueses na Galiza só terão de fazer o registo decretado para todos os visitantes de Portugal àquela região da primeira vez que cruzarem a fronteira.