D. José Ornelas: o que importa não é o número de pedidos de compensação, mas que as vítimas de abusos encontrem justiça
21-05-2024 - 15:57
 • Ana Catarina André, enviada da Renascença a Roma

D. José Ornelas afirmou que o Vaticano reconhece a coragem da Igreja em Portugal no combate aos abusos sexuais de menores na Igreja.

A comissão de avaliação que vai definir os valores das compensações a pagar às vítimas de abusos na Igreja Católica será criada no fim do ano, depois de as vítimas manifestarem a sua intenção de receberem um montante financeiro. A revelação foi feita por D. José Ornelas, em Roma, onde está esta semana a participar na visita ad Limina dos bispos portugueses.

D. José Ornelas afirmou ainda que, na reunião desta terça-feira com o Dicastério para a Doutrina da Fé, o Vaticano “reconheceu a coragem da Conferência Episcopal Portuguesa” no combate aos abusos sexuais de menores na Igreja e na “procura de soluções que vão de acordo com aquilo que a Igreja está a propor para as igrejas dos diferentes países”. “Estamos a fazer um grande trabalho de prevenção e de formação dos agentes pastorais para que estejam atentos a esta realidade”, afirmou o prelado.

O presidente da Conferência Episcopal disse, ainda, que nos encontros com “alguns dicastérios” se sublinhou que a Igreja em Portugal “está a fazer e a tentar fazer aquilo que toda a sociedade devia fazer”: “um esforço para conhecer a realidade, apoiar as vítimas e criar perspetivas para um futuro melhor”.

Questionado sobre o aumento do número de pedidos de compensação, e o eventual aparecimento de casos falsos – na segunda-feira, dia 20, o grupo Vita anunciou que há 32 pedidos de compensação financeira por parte das vítimas –, D. José Ornelas sublinhou que esse aumento não é motivo de preocupação.

"Não me preocupa quantos vão ser, interessa é que as pessoas possam encontrar o caminho da justiça e da dignidade que lhes foi retirada", disse D. José Ornelas.

Sobre a audiência desta tarde do grupo Vita com o Presidente da Republica, D. José Ornelas salienta apenas o interesse de Marcelo Rebelo de Sousa no tema. "O grupo é que terá de falar", considerou.