Petróleo no Algarve. Autarcas entregam providências cautelares
14-07-2016 - 15:40

Turismo e petróleo são duas coisas “incompatíveis”, defendem. Em Lisboa, é apresentado o Movimento "Futuro Limpo", que também contesta a prospecção e exploração de petróleo em Portugal.

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A Associação de Municípios do Algarve (AMAL) decidiu seguir para tribunal contra a exploração e prospecção de petróleo e gás natural na região. No Tribunal Administrativo de Loulé, entregaram esta quinta-feira duas providências cautelares.

O presidente da Câmara de Faro, Rogério Bacalhau, diz que “não faz sentido nenhum” insistir na exploração daqueles recursos. “Vamos supor que se chega à conclusão de que existe capacidade exploratória. É evidente que ela vai avançar e pelo que se sabe isso não vai trazer qualquer mais-valia para o país”, sustenta.

O presidente da Região de Turismo do Algarve, Desidério Silva, chama brasa à sua sardinha e acrescenta que exploração de petróleo e turismo “são incompatíveis”.

Manifesto dá origem a Movimento "Futuro Limpo"

A prospecção e exploração de petróleo e gás natural é também o alvo de um manifesto apresentado esta quinta-feira em Lisboa e que deu origem ao Movimento "Futuro Limpo".

A iniciativa conta com várias associações, entre as quais “Peço a Palavra”, dirigida pelo realizador de cinema António-Pedro Vasconcelos. A apresentação vai ter lugar às 19h00, no cinema São Jorge.

O manifesto foi "subscrito por mais de 100 personalidades da vida portuguesa, desde professores a artistas", refere o cineasta à agência Lusa. O movimento tem como objectivo “mobilizar a opinião pública para se opor àquilo que nós consideramos que é um crime ambiental, económico e social, nomeadamente na região do Algarve", afirmou, numa referência às licenças atribuídas a consórcios internacionais para que façam prospecção de gás natural e petróleo, tanto no mar como em terra, em Portugal, mas sobretudo no Algarve.

A região algarvia é, segundo o realizador, a que "está mais exposta e a que seria mais afectada" por um eventual problema ambiental causado pela exploração de petróleo, "uma vez que é uma região que vive do turismo, sobretudo na zona da Costa Vicentina e do lado de Tavira, e atrai um turismo que procura praias e ambientes limpo".

Entre as razões apontadas para se opor à exploração de hidrocarbonetos está o facto de esse tipo de energia estar "em contraciclo" e de "os prejuízos económicos relativamente ao que se recebe serem enormes".

"Portugal assinou o acordo de Paris para reduzir as emissões provenientes de combustíveis fósseis, um dos grandes factores que originam a poluição e o aquecimento global", lembra António-Pedro Vasconcelos, lamentando que os contratos já realizados tenham sido "feitos de uma forma que deixa dúvidas do ponto de vista legal" e "de uma maneira muito pouco transparente".

Segundo o realizador, está a ser "estudada a possibilidade de se apresentarem providências cautelares" para travar os contratos de exploração e prospecção de hidrocarbonetos, à semelhança do que foi feito pela Associação de Municípios do Algarve (AMAL).