O secretário-geral do PCP defendeu este sábado, em Setúbal, que o Orçamento de Estado para 2022 deve dar sinais claros do caminho que o Governo pretende percorrer, mas manifestou preocupação com as recentes opções políticas do executivo socialista.
"O tempo é de dar sinais claros de que se quer fazer outro caminho, traduzir essa vontade na prática e ação governativa e expressá-lo também de forma clara no Orçamento do Estado", disse Jerónimo de Sousa.
O líder do PCP, que falava num comício em Setúbal, acusou o Governo de continuar a seguir as mesmas políticas de décadas de governação do PS, PSD e CDS-PP, e de "não dar respostas, ou ficar a menos de meio caminho em matérias essenciais para o país".
"Os sinais que emanam das mais recentes opções políticas - da legislação laboral aos salários, do arrendamento aos custos da energia - vão no sentido contrário ao caminho alternativo que se impunha", salientou o líder comunista perante cerca de três centenas de apoiantes, no auditório Charlot, em Setúbal.
Para o líder comunista, há "uma enorme distância entre aquilo a que é necessário dar resposta e o que a proposta do Orçamento do Estado parece acolher, uma enorme distância entre o que se impõe que seja assumido para lá do Orçamento em domínios decisivos para a vida dos trabalhadores e para o desenvolvimento do país".
"Registamos sinais que respondem neste ou naquele aspeto a questões que, pela insistência do PCP, o Governo não tem podido ignorar por completo, mas aquilo que neste momento conhecemos (...) é de uma enorme distância entre o que se impõe que seja assumido, para lá do Orçamento, em domínios decisivos para a vida dos trabalhadores e para o desenvolvimento do País", acrescentou.
No discurso que proferiu em Setúbal, Jerónimo de Sousa elencou um conjunto de prioridades, embora sem dar qualquer indicação sobre as condições mínimas exigidas pelo PCP para aprovar o Orçamento de Estado para 2022.
O líder comunista reafirmou, no entanto, as críticas que tem vindo a fazer ao Governo, acusando-o de preferir "manter uma trajetória claramente insuficiente do Salário Mínimo Nacional, recusando os 850 euros no curto prazo, para não ter de escolher o lado dos trabalhadores em vez do interesse do grande capital".
"O Governo não vai onde pode e devia ir em matéria de salários dos trabalhadores da Administração Pública ao não garantir a recuperação de poder de compra perdido. O Governo esgrime medidas para atacar a pobreza infantil - medidas que não se desvalorizam para responder a um segmento onde essa realidade se coloca -, mas a resposta a essa questão está no combate à pobreza dos pais, aumentando a sério os seus salários, garantindo o direito à habitação, creches gratuitas, universalização e valorização do abono de família", disse.