O Tribunal Constitucional declarou esta quarta-feira que são inconstitucionais os apoios sociais que foram aprovados no Parlamento com os votos favoráveis da oposição, contra a vontade do Governo.
Em causa estão três diplomas: um alarga o universo e o âmbito dos apoios sociais previstos para trabalhadores independentes, gerentes e empresários em nome individual; outro aumenta os apoios para os pais em teletrabalho; e um terceiro que estende o âmbito das medidas excecionais para os profissionais de saúde no âmbito da pandemia também à recuperação dos cuidados primários e hospitalares não relacionados com Covid-19.
Os três diplomas – todos com origem em apreciações parlamentares de decretos do Governo – foram aprovados em 3 de março, com o Partido Socialista a votar isolado contra o dos apoios sociais e o da saúde, e a abster-se no das famílias (juntamente com Iniciativa Liberal, neste diploma).
Na altura António Costa tinha dito que este pacote de medidas violava a lei, uma vez que implicaria um aumento da despesa do Estado, e pediu ao TC que avaliasse as propostas com urgência. Antes, porém, já tinha pressionado o Presidente da República para o fazer, segundo a Renascença noticiou na altura, mas Marcelo Rebelo de Sousa não anuiu.
Os juizes do Constitucional decidiram então esta quarta-feira que o primeiro-ministro tinha razão para ter reservas.
Na nota enviada à comunicação social, o Tribunal explica que cada uma as normas foi chumbada, "por entender que ela implicava, em parte, um aumento de despesas no corrente ano económico".
O TC informa ainda que "o restante pedido do primeiro-ministro não obteve provimento do Tribunal" e que a decisão "foi aprovada por unanimidade" dos juízes em exercício de funções.
Numa primeira reação por parte do Governo, o secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, Tiago Antunes, disse que "ao contrário do que se disse, o que estava em causa neste processo não era, nunca foi, nem será o pagamento de apoios sociais", sublinhando que "o Governo tem aprovado apoios extraordinários para fazer face à pandemia, em especial para os mais afetados."
Rio pouco surpreendido
Rui Rio já reagiu a esta decisão do Tribunal Constitucional que admite não o ter surpreendido.
Segundo o líder do PSD, partido que se bateu pelos apoios, esta decisão era previsível, mas Rui Rio diz que o Governo podia ter assumido esses apoios se quisesse, preferindo não o fazer.
"O Governo se quisesse, assumia os apoios. Como não quis, recorreu ao Tribunal Constitucional", diz o líder do PSD.
"Aquilo que foi a intenção da AR foi conseguir mais apoios para as famílias. O Governo recorreu e quem sai prejudicado são os portugueses que não recebem esses apoios", lamentou.
[Notícia atualizada às 20h43]