António Costa rejeita o debate “Estado versus empresas” na execução do Plano de Recuperação e Resiliência. O primeiro-ministro diz que não vale a pena cair nessa discussão, porque fundamental é o investimento que resulte a favor das pessoas.
Para tal, defendeu Costa na qualidade de secretário-geral do PS, é necessário um "Estado mais robusto e eficiente" e uma administração pública "do século XXI".
“Se houve algo que ficou muito claro nesta crise é que a presença do Estado é absolutamente indispensável às respostas nos momentos críticos da sociedade e os elementos das políticas públicas são um fator fundamental para o desenvolvimento económico e para o desenvolvimento social e são ferramentas indispensáveis para as empresas”, começou por defender no discurso de abertura de uma jornada de trabalho dos deputados socialistas, em Lisboa.
“Basta falar com muitos empresários para explicarem: mais do que subsídios, o que precisamos é de um sistema de justiça eficaz; mais do que subsídios, o que nós precisamos é de uma administração pública que seja eficiente; mais do que subsídios, o que nós precisamos é de diminuir os custos do contexto para podemos investir, para podermos desenvolver as nossas empresas, para podermos desenvolver as nossas atividades”, apontou.
“Por isso, não caiamos nesse debate absurdo de saber se este plano deve investir no Estado ou nas empresas. Este plano tem de investir nas pessoas, tem de investir nas empresas e, para servir melhor as pessoas e as empresas, precisa de um Estado mais robusto e mais eficiente”, defendeu com veemência.
Recorde-se que, na segunda-feira, o líder do PSD, Rui Rio, defendeu que “o grosso” do Plano de Recuperação e Resiliência deve focar-se nas empresas.
Nesta terça-feira, António Costa pediu um consenso amplo, para garantir que se tomam decisões que não sejam revertidas no futuro.
“A pior coisa que nos podia acontecer era iniciarmos este ciclo, numa situação tão crítica em que estamos, e dar-nos ao luxo de, durante 10 anos, passarmos o tempo a hesitar, a ter dúvidas, a voltar ao princípio, a reabrir as decisões que sucessivos governos vão tomando”, afirmou perante os deputados socialistas, no Centro Cultural de Belém.
“Se quisermos fazer, nos próximos 10 anos, o que fizemos nos últimos 50 anos a propósito do aeroporto de Lisboa, daqui a 10 anos chegaremos ao fim e teremos gasto muito dinheiro em muitos estudos, mas não temos feito nada de efetivamente concreto que altere a realidade do país”, defendeu, em tom de crítica.
O secretário-geral deu, então, conta de que quer um debate amplo e o empenho de todos para executar os fundos que Bruxelas disponibilizou.
“Não podemos perder tempo a intervir, porque a crise está aí. São milhares de empresas ameaçadas de fechar, são milhares de postos de trabalho que já foram perdidos, são milhares de postos de trabalho de poderem ser perdidos, é uma perda de rendimentos no conjunto da sociedade e, portanto, não podemos perder tempo”, avisou.
Para tal, é também “fundamental que a União Europeia aprove definitivamente este programa, que aprove os seus regulamentos e que nós tenhamos capacidade de o pôr rapidamente no terreno”.
O Plano de Recuperação e Resiliência foi o foco do longo discurso de António Costa, na abertura da jornada parlamentar do PS. Durante quase 45 minutos, o secretário-geral do partido e primeiro-ministro deu conta de como considera essencial investir na modernização da saúde, justiça e Segurança Social.