O Partido Popular Europeu (PPE) apelou este sábado a um debate urgente no Parlamento Europeu, depois de a instituição ter anunciado na sexta-feira estar a analisar a denúncia de que eurodeputados estão a ser pagos para difundir propaganda pró-russa e influenciar as eleições europeias.
"Na sequência das revelações sobre a interferência russa na Europa, o grupo PPE apela a uma sessão plenária urgente no Parlamento Europeu", afirmou em comunicado o partido com mais assentos no Parlamento Europeu e o que atualmente ocupa a presidência da instituição, liderada por Roberta Metsola.
O PPE destacou a sua "firme oposição à desinformação e propaganda" que é lançada pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, que "representa um perigo para a democracia e que deve ser denunciado a todos os níveis".
Na sexta-feira, um porta-voz de Metsola disse que a presidente do Parlamento Europeu está ciente das acusações, "estando a analisá-las".
O pedido do Partido Popular Europeu para uma sessão plenária urgente para debater este assunto soma-se às reações dos grupos dos Verdes e Liberais.
Os dois principais candidatos dos Verdes às eleições europeias, Terry Reintke e Bas Eickhout, apelaram a uma investigação "rápida e exaustiva" que revele a escala da operação de influência pró-russa e permita ações contra os eurodeputados envolvidos.
Já o grupo liberal do Renew Europe exigiu que o Parlamento Europeu debatesse o assunto na próxima sessão plenária, nos dias 10 e 11 de abril, em Bruxelas (Bélgica).
Site Voz da Europa sob suspeita
Isto acontece depois de, na quarta-feira, o primeiro-ministro da República Checa, Petr Fiala, ter anunciado que os serviços secretos checos desmascararam uma rede financiada por Moscovo que estava a difundir propaganda pró-russa sobre a Ucrânia e estendia a sua influência até ao Parlamento Europeu.
O portal de notícias Voice of Europe, com sede em Praga (capital da República Checa), estava a ser usado para espalhar informação destinada a dissuadir a União Europeia (UE) de ajudar a Ucrânia na sua luta contra a invasão russa iniciada em fevereiro de 2022.
Segundo Fiala, a rede pró-russa agora desmascarada pelos serviços secretos checos (BIS) desenvolvia atividade que "poderia ter um efeito significativo na segurança da República Checa e da UE".
Segundo o jornal Denik N, os políticos europeus que cooperam com o "site" de informação Voice of Europe, que divulgou apelos de alguns deles para deixarem de ajudar a Ucrânia, foram pagos com dinheiro russo, que também financiou campanhas para as próximas eleições europeias.
Os pagamentos envolvem políticos de países como Bélgica, França, Alemanha, Hungria, Países Baixos e Polónia, de acordo com o jornal, que cita uma fonte diplomática checa. Essa fonte sublinhou ainda o envolvimento do partido de extrema-direita alemão Alternativa para a Alemanha (AfD).
O serviço de imprensa do Parlamento Europeu explicou que a instituição está a averiguar as acusações relativas ao site Voz da Europa, em torno do qual esta rede de influência pró-russa foi supostamente desenvolvida.
Acrescentou ainda que poderá restringir o acesso destes meios de comunicação social aos meios de imprensa do Parlamento Europeu.