O Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor) marcou esta segunda-feira uma greve de quatro dias na Área Metropolitana de Lisboa durante a semana da Jornada Mundial da Juventude, evento que decorrerá na capital entre 01 e 06 de agosto.
“O Sindepor viu-se obrigado a avançar para a greve perante o imobilismo do Ministério da Saúde. Chegou um novo ministro, criou-se uma direção executiva do SNS [Serviço Nacional de Saúde], todos os dias há declarações públicas destes responsáveis, mas a verdade é que o SNS continua a degradar-se, como infelizmente sentem os profissionais e os portugueses em geral”, adianta, citado em comunicado, o presidente do sindicato, Carlos Ramalho.
A paralisação dos enfermeiros vai abranger os 18 concelhos da Área Metropolitana de Lisboa (AML) e decorrerá entre as 00h00 do dia 1 e as 24h00 do dia 4 de agosto, período em que Lisboa estará a acolher a edição deste ano da Jornada Mundial da Juventude (encontro de milhares de jovens com o Papa Francisco), com as principais cerimónias a terem lugar no Parque Eduardo VII e no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo.
“Uma das provas mais flagrantes da degradação do SNS está no número de portugueses sem médico e enfermeiro de família. Já vamos em 1,7 milhões e o número não para de aumentar. É evidente para todos que o país precisa de mais profissionais para colmatar estas carências”, salienta Carlos Ramalho.
O dirigente alerta também para o despedimento de enfermeiros, dizendo que o “Ministério das Finanças manda mais no país do que o Ministério da Saúde”.
“Apenas recorremos à greve em situações limite”, justifica, considerando que os enfermeiros chegaram a essa situação de exaustão por sobrecarga de trabalho, idade avançada e por “injustiças que têm de suportar no dia-a-dia”, explicou.
A força sindical pretende a integração imediata nos quadros das instituições dos enfermeiros com vínculos precários, o cumprimento das dotações seguras através da contratação de enfermeiros, cumprindo-se a autonomia para contratar e a abertura de concursos para as várias categorias desta profissão.
Exigindo a criação de um modelo de Avaliação do Desempenho justo, transparente e exequível, o sindicato pede também a imediata abertura de negociações com a tutela para a concretização de uma nova carreira de enfermagem que, entre outros aspetos, compense o risco e desgaste rápido e penosidade inerente à profissão.