Para o CDS, é normal a intenção do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker de alterar os privilégios de Durão Barroso, que passará a ser recebido em Bruxelas como representante da Goldman Sachs e não como antigo presidente da Comissão.
Em declarações à Renascença, o eurodeputado Nuno Melo diz que a posição de Juncker faz todo o sentido à luz do que se passa em Bruxelas onde a actividade de lobby está regulamentada.
“Qualquer cidadão que represente um entidade muito menos significativa que a Goldman Sachs para interagir com deputados do Parlamento Europeu tem de se declarar como lobista”, diz Nuno Melo, lembrando que “em Bruxelas o lobbing é uma actividade altamente regulamentada, por razão da necessidade de transparência no exercício da acção politica, coisa que, de resto, o próprio José Manuel Durão Barroso bem saberá”.
Em Bruxelas, recorda o eurodeputado do CDS, há cerca de 30 mil lobistas registados, é uma realidade transversal a todas as actividades, incluindo, “necessariamente”, a realidade económica e financeira, pelo que Nuno Melo considera que as preocupações de Juncker são “normalíssimas”.
“O que é facto é que, tendo sido presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso hoje desempenha funções numa empresa que, à escala global, é consultora de governos, grandes empresas, que subscreve produtos financeiros de vários países, é revendedor primário de títulos do tesouro dos Estados Unidos, que teve intervenção naquilo que teve a ver com a gestão do processo político de dívidas soberanas da União Europeia. E, por isso, considero normal a declaração e preocupação do presidente da Comissão Europeia”, acrescenta Nuno Melo.
A intenção de Juncker de retirar privilégio a Durão barroso foi conhecida esta segunda-feira e foi já criticada pelo PSD.
Em Portugal, a actividade de lobby não é regulamentada, mas o CDS tem um projecto de lei nesse sentido. E Nuno Melo defende que é melhor a clarificação.
“Em Portugal, temos pessoas que exercem a actividade de lobistas sob pretexto de qualquer profissão porque as empresas que os contratam, querendo um lobista aos eu serviço, não o podem apresentar como tal. Por isso, acho que na política – e principalmente quando a actividade política interage com interesses relevantes do ponto de vista económico-financeiro – a regulamentação da actividade é útil”, defende Nuno Melo.