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Duas em cada 100 empresas nacionais encerraram definitivamente até ao início de abril, de acordo com um inquérito levado a cabo pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e o Banco de Portugal, para perceber o impacto da Covid-19 na economia nacional.
De acordo com a nota publicada pelo INE, no inquérito realizado entre 6 e 10 de abril, 82% das empresas mantêm-se em produção, mesmo que de forma parcial, enquanto que 16% encerraram de forma temporária e 2% encerraram de forma definitiva.
A proporção de empresas que fecharam de forma definitiva ou temporária aumenta quanto menor for a dimensão da empresa. 3% das microempresas encerraram definitivamente, enquanto que 24% encerrou de forma temporária.
O setor do alojamento e restauração é, por grande margem, o mais afetado. Apenas 38% das empresas continua em funcionamento, enquanto que 55% encerrou temporariamente e 7% de forma definitiva. No espectro oposto, a percentagem de grandes empresas que encerrou de forma definitiva é inferior a 1% e 86% mantêm-se em operações.
Por outro lado, o setor da construção e atividade imobiliárias é o menos afetado, com 91% em atividade, 8% em encerramento temporário e 1% das empresas encerraram de forma definitiva.
De acordo com o estudo, importa referir que nenhuma empresa de informação e comunicação encerrou de forma definiva, com 90% em funcionamento e 10% em encerramento temporário.
Pandemia reduz volume de negócios
Apesar da maioria das empresas continuar em funcionamento, quer de forma total ou parcial, a maioria admite que a pandemia da Covid-19 reduziu o volume de negócios.
80% das empresas em
funcionamento ou temporariamente encerradas reportaram um impacto negativo e 5% um impacto positivo. 15% afirmam que a pandemia não teve qualquer impacto.
O setor do comércio é o que mais destaca o aumento dos negócios, a rondar os 9%. 98% dos estabelecimentos de alojamento e restauração apontam uma redução das operações.
Um total de 37% das empresas reportam que a redução do volume de negócios foi superior a 50%.
A ausência de clientes e encomendas foi o principal motivo para a queda do volume de negócios, a rondar os 84%, seguido das restrições impostas pelo estado de emergência, escolhida por 78% dos inquiridos. Os problemas na cadeia de fornecimento (42%) e a falta imprevista de funcionários (17%) são outros motivos apontados.
Cortes nos funcionários
Cerca de 26% das empresas reportaram uma redução superior a 50% do número de funcionários efetivamente a trabalhar e 22% reportaram reduções entre 10 e 50%. Nas empresas encerradas temporariamente, as reduções de pessoal efetivamente a trabalhar situam-se, na maior parte, acima de 75%.
Esta redução decorre maioritariamente devido ao layoff simplificado, segundo 48% dos inquiritos e, em menor grau, resultou de faltas no âmbito do estado de emergência, por doença ou por apoio à família.
O regime do layoff simplificado foi utilizado em maior escala no setor do alojamento e restauração, com uma percentagem de 90%, enquanto que todos os outros setores de atividade rondam os 50% ou percentagens inferiores.
Metade das empresas não aguentam mais de dois meses sem liquidez
Um total de 49% das empresas referem que só conseguem manter atividade até dois meses sem medidas adicionais de apoio à liquidez, mas 10% referem que não conseguem aguentar por mais de um mês. 24% das empresas respondem que conseguem aguentar um período superior a meio ano.
O impacto neste campo é superior quanto menor for a empresa. 56% das micro e pequenas empresas referem que não conseguem aguentar mais de dois meses, enquanto que 28% das grandes empresas responderam o mesmo.
O inquérito foi "dirigido a um conjunto alargado de empresas de micro, pequena, média e grande dimensão representativas dos diversos setores de atividade económica, sendo a amostra de 8.883 empresas".
No total, foram obtifas 4.793 respostas válidas, "o que representa uma taxa de resposta global de 54%. As empresas respondentes representam 54% do pessoal ao serviço e 65% do volume de negócios da amostra", pode ler-se na nota.