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Os estudantes universitários portugueses são dos que, na União Europeia, têm mais dificuldade em conciliar as aulas com o trabalho. Os dados são revelados por um estudo do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa.
As principais razões apontadas chegam quer do lado do mercado de trabalho quer do lado do ensino superior português. O mercado de trabalho apresenta pouca oferta e flexibilidade para uma “participação ocasional” por parte dos estudantes.
Da parte do ensino superior, o excesso de carga horária, a organização do calendário escolar e a própria oferta curricular dificultam a conciliação.
Por isso, os estudantes portugueses que conseguem conciliar os dois mundos, identificam-se mais como “trabalhadores” do que como “alunos” – ao contrário da
generalidade da União Europeia, onde os estudantes trabalham mais horas por semana do que em Portugal, mas identificam-se como “estudantes”.
Quando chega a altura de escolher, a maioria dos jovens portugueses opta pelo trabalho, revela ainda o Inquérito às Condições Socioeconómicas dos Estudantes do Ensino Superior em Portugal.
Até porque, segundo o mesmo estudo, dentro dos estudantes universitários que trabalham, a maioria tem carreiras já iniciadas e não meras atividades de complemento financeiro.
Ainda assim, 41% dos alunos abandonam o ensino superior por dificuldades económicas, o que, no entender da coordenadora do estudo, Susana da Cruz Martins, demonstra a importância de dar aos estudantes mais condições para conciliarem os estudos com uma atividade remunerada.
“A Convenção do Ensino Superior é importantíssima nesse sentido: pode identificar os problemas existentes, como este, e procurar soluções que os eliminem”, defende.
O Inquérito às Condições Socioeconómicas dos Estudantes do Ensino Superior em Portugal vai ser discutido na II sessão da Convenção do Ensino Superior, em Aveiro, a 15 de março.