Veja também:
- Oxford vai testar a eficácia de vacinas combinadas. Cinco respostas para entender o que está em causa
A vacina da AstraZeneca e da Universidade de Oxford será pouco eficaz contra a variante sul-africana do SARS-Cov-2. É a conclusão, ainda preliminar, de um estudo realizado pela Universidade de Witwatersrand, na África do Sul, e a própria Universidade de Oxford.
O estudo vai ser publicado na segunda-feira, mas o “Financial Times” já avançou um relatório, segundo o qual a vacina não parece oferecer proteção contra a doença leve e moderada causada pela variante viral identificada pela primeira vez na África do Sul.
Na investigação participaram mais de dois mil pessoas, jovens e saudáveis. A eficácia da vacina reduziu-se significativamente contra a variante viral dominante na África do Sul.
“Num regime de duas doses [a vacina] não mostrou proteção contra Covid-19 leve-moderado devido à [variante sul-africana]”, indica o estudo.
Durante os testes, nenhum dos participantes morreu ou foi hospitalizado, estando ainda por apurar a eficácia da vacina AstraZeneca/Oxford contra casos graves e hospitalizações e mortes na sequência daquela variante.
“Não conseguimos apurar o efeito da vacina em casos de doença grave e hospitalização”, refere o porta-voz da AstraZeneca, em reação ao relatório do “Financial Times”.
A descoberta pode, contudo, vir a complicar a corrida às vacinas, tendo em conta que continuam a aparecer novas variantes do novo coronavírus que causou a pandemia de Covid-19.
Entre as variantes mais conhecidas e preocupantes estão as chamadas variantes britânica, sul-africana e brasileira, que parecem ser muito mais transmissíveis do que outras.
O porta-voz da AstraZeneca diz, contudo, acreditar que a vacina possa ser eficaz em formas graves da Covid-19, dado que o nível de anticorpos proporcionado por esta vacina é semelhante ao de outras que já mostraram ser eficazes em doenças graves.
Ainda assim, são precisos mais estudos para tirar conclusões, até porque, explica ainda o porta-voz da empresa, a maior parte dos voluntários que participaram nos testes são sobretudo jovens adultos saudáveis.
A primeira remessa de vacinas da AstraZeneca é esperada em Portugal na próxima terça-feira. Até agora, as autoridades portuguesas não se pronunciaram sobre uma eventual limitação de idade para o uso desta vacina – ao contrário de outros países europeus, incluindo Espanha, onde a vacina da AstraZeneca só será dada a pessoas até aos 55 anos. Em causa, dúvidas quanto à eficácia e segurança em faixas etárias mais avançadas.
Espanha recebeu estas vacinas (as primeiras 196.800 doses) no sábado.