O presidente da Liga Portugal, Pedro Proença, convocou uma "reunião de urgência" com os líderes dos restantes órgãos sociais, a propósito do caso de alegado tráfico de seres humanos que envolve um dos seus dirigentes.
Em comunicado, a Liga de clubes informa que foram chamados os presidentes da Mesa da Assembleia Geral (MAG), Mário Costa, o dirigente sob suspeita, do Conselho Jurisdicional e do Conselho Fiscal.
No encontro, "será avaliado o impacto das notícias mais recentes" sobre Mário Costa "na gestão e estabilidade" do organismo.
O presidente da MAG da Liga é suspeito de alegado envolvimento em negócios à margem da lei com jovens jogadores de futebol oriundos do Extremo Oriente e da América do Sul - 114 menores, que passaram a noite em centros de acolhimento e serão entregues, nos próximos dias, às respetivas famílias, nos seus países de origem, segundo a RTP -, numa academia de futebol de Riba d'Ave, em Vila Nova de Famalicão.
O caso foi tornado público após as buscas realizadas em casa de Mário Costa, entretanto constituído arguido, segundo o jornal "Expresso".
De acordo com o semanário, os jovens pagam 500 euros por mês para estar em Portugal. Alguns assinam contratos com clubes pequenos da região, mas acabam por não receber dinheiro e ficam, simultaneamente, impedidos de sair do país, por não terem os passaportes com eles. Mário Costa estaria a tentar atrair investidores para este modelo de negócio.
Em comunicado à imprensa, o SEF confirmou a operação e as buscas no Grande Porto, mas não adiantou qualquer outro tipo de informação, indicando que "o processo se encontra em segredo de justiça".
Em nota enviada às redações, na terça-feira, Mário Costa afirmou confiar que será confirmado que não praticou “nenhum ilícito criminal”.
“Aguardo serenamente o desenrolar das investigações certo e confiante de que se apurará a verdade dos factos que revelará que nenhum ilícito criminal foi praticado”, sublinhou o presidente da AG da Liga.
Em nota no site oficial, a Liga Portugal mostrou-se "surpreendida pelas notícias", mas sublinhou que "os factos relatados em nada estão relacionados com o cargo exercido pelo Dr. Mário Costa" no organismo.
A Liga disse ainda estar a "acompanhar as diligências, aguardando por mais dados" e respeitando o princípio de presunção de inocência.
Ainda no domingo, em entrevista à Renascença e à agência Ecclesia, a presidente da Confederação Nacional de Ação sobre o Trabalho Infantil (CNASTI), Fátima Pinto, denunciava que "praticamente todos os principais clubes" deixam jovens futebolistas ao abandono.