A coligação PSD/CDS obteve uma vitória “inequívoca” nas legislativas e está “disponível para formar Governo" e para chegar a compromissos com o PS, afirmou Pedro Passos Coelho, num discurso na sede de campanha, em Lisboa.
“É inequívoco que estas eleições mostraram um força política vencedora, que foi a coligação”, declarou o líder do PSD.
O primeiro-ministro lamentou que a coligação não tenha conseguido alcançar a maioria absoluta, mas vai fazer tudo para cumprir o “desejo inequívoco dos eleitores que nos confiaram a missão de governar” e “procurar os compromissos indispensáveis para dar estabilidade” ao país nos próximos quatro anos.
Passos Coelho afirma que a “coligação está disponível para formar Governo", mesmo sem maioria absoluta, e “seria estranho que quem ganhasse não pudesse governar.
Os dois partidos vão reunir "de forma muito expedita" os respectivos órgãos nacionais para formalizar um acordo de Governo, na sequência da vitória nas legislativas, anunciou perante o aplauso dos apoiantes.
No discurso da vitória perante dezenas de apoiantes, Passos admitiu que a nova configuração da Assembleia da República, sem maioria dos deputados do PSD e CDS, representa um desafio.
O líder do PSD espera que Portugal “não se veja prisioneiro de crises políticas que podem significar um retrocesso” nos progressos alcançados nos últimos anos.
Destacou a importância do Orçamento do Estado para o próximo ano, que a coligação terá de negociar com a oposição parlamentar, sendo que Bloco de Esquerda e CDU já disseram que não vão viabilizar as contas para 2016.
Entendimentos com o PS?
Passos Coelho considera que, terminadas as eleições, é preciso “pôr de lado as bandeiras” dos partidos e “juntar todos os que querem construir um país melhor”, abrindo a porta a entendimentos com o PS.
"Tomarei a iniciativa de contactar o PS para procurar entendimentos indispensáveis, as reformas estruturantes da sociedade portuguesa. Como partido europeísta, [o PS] estará disponível para que reformas importantes possam ter lugar nos próximos anos, nomeadamente na Segurança Social”, declarou Pedro Passos Coelho.
Passos Coelho considera que o próximo Orçamento é o momento de “deixar as medidas de austeridade para trás” e afirma, apesar de ter falhado a maioria absoluta para evitar “sobressaltos no Parlamento”, a coligação vai agora “dar o melhor para não termos sobressaltos nos próximos anos”.
Com 99, 23% dos votos contados, a coligação PSD/CDS vence as legislativas com 36,83% dos votos, o equivalente a 99 deputados. O PSD conquista ainda cinco deputados nos círculos eleitorais onde concorreu sozinho.
O PS fica em segundo lugar. O partido de António Costa consegue 32,38% e 85 deputados, indicam os resultados provisórios, numa altura em que estão nove mandatos por atribuir.
O Bloco de Esquerda mais do que duplica o resultado em comparação com as últimas legislativas e ascende a terceira força política. Obtém 10,22% dos votos e 19 deputados. Em 2011 tinha eleito sete parlamentares.
De acordo com os resultados provisórios, a CDU regista 8,27% dos votos e 17 deputados.
O partido Pessoas Animais e Natureza (PAN) elegeu pela primeira vez um deputado para a Assembleia da República, com 1,39% dos votos.
A abstenção foi de 43,07%.
[notícia actualizada às 01h18]