O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, não tem memória de um ano tão trágico como 2017, marcado pela tragédia dos incêndios que mataram mais de 110 pessoas.
As palavras de Passos Coelho contrastam com as do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que ainda esta terça-feira falou
num ano contraditório, um misto de bons e maus momentos, e com as do primeiro-ministro, António Costa, para quem 2017 foi um ano "particularmente saboroso".
“Este é realmente um ano do qual não podemos ter boas lembranças. Pensamos na dimensão trágica que para todo o país, para muitas famílias, muitas pessoas, este ano acabou por ter. Todos os anos têm momentos de maior felicidade e de maior infelicidade. Eu não tenho memória em tantos anos de um que fosse tão trágico como este se revelou”, disse Passos Coelho no jantar de Natal do grupo parlamentar do PSD.
Para o líder cessante do PSD, o Estado falhou nos incêndios e, seis meses depois, continua a falhar na resposta às populações.
“Ainda há pouco tempo tivemos oportunidade de ver o primeiro-ministro a entregar casas que foram reconstruídas depois das tragédias dos fogos de Junho, sobretudo, porque as outras ainda não houve tempo de acudir", afirmou o antigo primeiro-ministro.
"E como é que é possível esquecer que uma parte significativa desse trabalho foi desenvolvido pela sociedade civil e não pelo Estado. Ao cabo de meio ano, o Estado continua a mostrar, infelizmente, que não tem condições para responder às exigências que a sociedade civil sente”, sublinhou.
Sair foi a decisão "mais acertada"
No jantar de Natal do grupo parlamentar do PSD, Pedro Passos Coelho acusou o PS de estar a voltar a fazer política como no passado: instrumentalizado os portugueses para sobreviver politicamente e procurando "fidelizar os clientes".
“É um
instrumento de alienação democrática da política. Eu gostaria que o PS tivesse
aprendido com esta forma errada de instrumentalizar o Estado e os portugueses para
poder sobreviver na política”, apelou.
2017 é o
ano em que Passos decidiu deixar o PSD e não se arrepende. “A decisão que
anunciou há não muito tempo parece-me cada vez mais acertada. Há uma altura
para tudo e o caminho que percorremos em conjunto fecha um ciclo e abrirá um
outro ciclo”, disse aos deputados.
Sobre o futuro do
seu partido, ao contrário do aviso que deixou o candidato Rui Rio, o ainda
líder acredita que o PSD será sempre "relevante" nas escolhas dos portugueses.
Foram quase oito
anos como líder dos sociais-democratas. No jantar de Natal houve aplausos de pé
e um vídeo de homenagem ao antigo líder da JSD, ex-primeiro ministro e ainda
presidente do PSD. Passos Coelho sorriu e agradeceu. Entre os encómios do grupo
parlamentar, um deputado deixou um pedido para que Passos: "volte depressa".