O Bloco de Esquerda requereu esta sexta-feira a audição urgente do ministro das Finanças no Parlamento para explicar o processo de reestruturação da Caixa Geral de Depósitos, “nomeadamente sobre o encerramento de balcões e redução do número de trabalhadores”.
Num requerimento enviado à presidente da Comissão de Orçamento Finanças e Modernização Administrativa da Assembleia da República, a que a Lusa teve acesso, a deputada bloquista Mariana Mortágua defende que o encerramento de balcões e a dispensa de trabalhadores são questões que “merecem especial escrutínio”.
“O Bloco de Esquerda entende que uma das obrigações da Caixa enquanto banco público reside precisamente na manutenção de uma rede de agências que garantam o acesso a serviços bancários em todo o país”, refere o texto.
Apesar de não excluir a possibilidade de uma “análise e revisão da sua rede de balcões”, Mariana Mortágua considera que “a Caixa tem obrigação de estar onde o privado não chega”.
“Acima de tudo, tem a obrigação de ser transparente quanto ao seu plano de presença geográfica”, argumenta.
Por outro lado, o Bloco salienta que “é preciso renovar as garantias de que a redução do número de trabalhadores não será feita com recurso a rescisões ‘amigáveis’ com base em pressões e ameaças, mais ou menos veladas, como assistimos já noutras instituições bancárias, nomeadamente no Novo Banco”.
“A caixa tem obrigação de ter uma atitude irrepreensível na relação com os seus trabalhadores”, acentua.
No requerimento, Mariana Mortágua assinala que o carácter público da Caixa lhe confere “deveres acrescidos”, devendo o banco ser “um instrumento ao serviço do financiamento da economia e do emprego, um garante do acesso aos serviços bancários, e um exemplo de boas práticas em todos os campos da sua actuação”.
“Espera-se, da mesma forma, que seja um pilar da estabilidade financeira do país e, para que continue a desempenhar esse papel, a sua recapitalização é essencial”, sublinha ainda Mariana Mortágua, garantindo que o Bloco “rejeita a utilização do processo de recapitalização da Caixa como arma de arremesso político”.
Nos próximos anos, no âmbito do plano estratégico negociado com Bruxelas, a CGD prevê dispensar 2.200 pessoas, o que o presidente executivo, Paulo Macedo, disse na passada sexta-feira que se fará, através de “pré-reformas e eventualmente rescisões por mútuo acordo”.
Em termos de agências, a CGD quer chegar a 2020 com um número entre 470 e 490.
A CGD apresentou na semana passada os resultados de 2016 em que teve prejuízos históricos de 1.859 milhões de euros, mais de dez vezes mais os resultados negativos de 171 milhões de euros de 2015.