Os comerciantes do Porto pedem ao Governo que crie um fundo para apoiar as empresas, na sequência das enxurradas de 6 de janeiro.
“Já percebemos que nem a Metro do Porto, nem a Câmara do Porto vão assumir essa responsabilidade e nós não podemos continuar no registo que a culpa morre solteira. Nós não queremos apontar culpados. Queremos que haja dinheiro para ressarcir os empresários. Neste momento, estamos a sensibilizar o Governo no sentido de criar um fundo capaz de responder a estas necessidades”, reclama Nuno Camilo, do Conselho Geral da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP).
Na semana passada, o Governo aprovou em Conselho de Ministros um pacote global de 185 milhões de euros para responder aos danos provocados pelo mau tempo em dezembro, nas zonas de Lisboa, Alentejo e Algarve e, ainda, na região do Alto Minho, no início deste ano.
Em declarações à Renascença, Nuno Camilo considera que este montante “é pouco face às necessidades que temos neste momento”.
Governo admite compensar até 70% dos prejuízos não cobertos pelos seguros
Confrontada com os apelos da CCP, a ministra da Coesão Territorial assegura que os comerciantes da cidade do Porto, afetados pelas enxurradas de 6 de janeiro, vão ser abrangidos pelos apoios às empresas do comércio e dos serviços, apesar de a resolução do Conselho de Ministros apenas se referir aos lesados pelo mau tempo em dezembro e nos primeiros dias de janeiro.
“Obviamente, dará cobertura a estes danos que se registaram muito recentemente no Porto. O que aconteceu foi algo anormal”, garante Ana Abrunhosa, em declarações à Renascença.
“A partir do momento em que tenham um relatório dos danos das seguradoras, podem submeter as candidaturas e naquilo em que os seguros não cobrirem, avaliaremos a possibilidade de apoiar uma parte dos danos não cobertos pelos seguros. Está previsto que essa parte seja de 70%”, acrescenta a ministra da Coesão Territorial.
Questionada sobre um eventual reforço das ajudas aos comerciantes, Ana Abrunhosa admite que, apesar de o apoio previsto para as empresas ser de 20 milhões de euros, “houve reportes de danos superiores, mas também sabemos que há muitas situações em que temos de entrar, primeiro, com os seguros e que, também, há muitas situações em que as próprias autarquias já apoiaram os comerciantes”.
“Portanto, temos de abater os seguros, outros apoios que os comerciantes já tenham recebido e, só depois, é que calcularemos o apoio e parece-me que os 20 milhões de euros serão suficientes. Se for necessário, equacionaremos o reforço”, garante a ministra.