Já está fechado o documento para entregar ao Governo sobre a reorganização da rede de urgências de obstetrícia e blocos de partos.
A proposta dos peritos vai ser entregue ao ministro da Saúde, logo que Manuel Pizarro tenha disponibilidade.
A estratégia passa pela concentração de serviços e fecho de unidades, como avança à Renascença, Diogo Ayres Campos, coordenador da Comissão para Reforma das Maternidades.
“Temos acordado todos os princípios relativamente à proposta da rede de referenciação e está considerada no documento, de facto, a possibilidade de haver concentração de recursos em relação às urgências e blocos de partos nalgumas maternidades”, adianta.
O responsável acrescenta que “não podemos ir só pelo critério do número de partos, temos que ir também pelas acessibilidades das populações, as distâncias entre maternidades”. Critérios que regeram o trabalho da comissão para a elaboração da proposta.
Segundo o coordenador da comissão, o problema das maternidades do interior, aquelas que estão muito isoladas dos grandes centros urbanos, são as distâncias.
“Bragança, é apenas um exemplo, mas também na zona centro e na zona de Lisboa e Vale do Tejo e Alentejo, há maternidades que estão bastante distantes das restantes. E aqui têm que ser critérios relacionados com a distância e com as expectativas das populações e a segurança, porque uma coisa é fazer uma distância de 20 minutos ou 30 minutos para ir a uma agência de obstetrícia e outra coisa é estar a uma hora e tal desses serviços”.
Já na região da Grande Lisboa as distâncias são menos importantes, o problema incide nos recursos.
“Todo o problema tem a ver com os recursos, se não houvesse dificuldades com os recursos, provavelmente não estávamos a pensar em sugerir, concentrar esses mesmos recursos”, diz Diogo Ayres Campos.
Ao falar em concentração de recursos, o coordenador da Comissão para Reforma das Maternidades fala “na possibilidade de nós termos na mesma cuidados obstétricos e ginecológicos nos hospitais que estão neste momento a funcionar, mas o atendimento de urgência e o apoio da sala de partos, porque na urgência está sempre ligada à sala de partos”.
“É uma característica específica da obstetrícia essa urgência e sala de partos poderem ser concentradas noutras instituições ao lado, mas manter na mesma os outros serviços que são prestados à população que não tem a ver com urgência nem bloco de partos”, explica.
Várias maternidades, um pouco por todo o país, continuam a funcionar de forma intermitente. É o caso da urgência de obstetrícia do hospital Garcia de Orta, em Almada, que fecha às oito e meia da manhã.
Ao que a Renascença apurou, a maternidade de Famalicão é uma das que pode estar em risco. Faz menos de mil partos por ano e está a cerca de 30 quilómetros da Póvoa do Varzim (com mais de 1.200 partos por ano) e a pouco mais de 40 de Matosinhos onde o hospital Pedro Hispano é até a grande exceção nível nacional: numa altura em que a redução de partos no serviço público é transversal a todo o país ali o número de partos aumentou.