Polónia, França e Alemanha vão reunir-se numa cimeira de emergência na sexta-feira em Berlim para discutir a situação na Ucrânia, anunciou o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk.
"Na sexta-feira, estarei em Berlim com o Presidente francês, Emmanuel Macron, e o chanceler alemão, Olaf Scholz, para discutir a situação", disse Tusk numa entrevista ao canal público de televisão TVP Info, na terça-feira à noite.
Tusk e o Presidente polaco, Andrzej Duda, foram recebidos em Washington, na terça-feira, pelo Presidente norte-americano, Joe Biden, cuja administração, apesar de um bloqueio no Congresso, anunciou uma nova ajuda militar a Kiev.
A cimeira tripartida terá lugar numa altura em que as relações franco-alemãs parecem ter sido enfraquecidas por divergências sobre a Ucrânia, segundo a agência francesa AFP.
A Polónia, um dos mais fortes aliados de Kiev, tem apelado repetidamente aos parceiros ocidentais para aumentarem as despesas com a ajuda militar para combater a invasão russa.
A Assembleia Nacional francesa aprovou, na terça-feira à noite, um acordo de segurança recentemente concluído entre Paris e Kiev, apesar das abstenções da extrema-direita e da oposição da esquerda radical.
No debate, o Governo francês advertiu que uma vitória russa na Ucrânia seria um cataclismo.
O acordo de 10 anos inclui o aumento da cooperação militar, nomeadamente nos domínios da artilharia e da defesa aérea.
Com o novo governo pró-europeu chefiado por Tusk, a Polónia procura reforçar a cooperação com Berlim e Paris face a Moscovo.
"Na minha opinião, estas três capitais têm a tarefa e o poder de mobilizar toda a Europa" para fornecer nova ajuda à Ucrânia, disse Tusk.
A Polónia gasta atualmente 4% do Produto Interno Bruto (PIB) no reforço dos sistemas de defesa, o que representa o dobro do que a NATO pede aos Estados-membros.
Os Estados Unidos aprovaram um acordo de armamento com a Polónia na terça-feira, que prevê a venda a Varsóvia de mísseis ar-terra de longo alcance e mísseis ar-ar de médio alcance.
O contrato tem o valor de 3,5 mil milhões de dólares (3,2 milhões de euros, ao câmbio atual).
A Polónia é membro da NATO e tem fronteiras, entre outros países, com a Ucrânia, a Bielorrússia (aliada da Rússia), e o enclave russo de Kaliningrado, situado no Báltico.
No passado, a Polónia esteve sob controlo russo e receia que, se a Rússia vencer na Ucrânia, possa vir a atacar outros países numa região que Moscovo considera ser a sua esfera de interesses.
A Ucrânia tem contado com o apoio dos aliados ocidentais em armamento e financiamento desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.
Kiev lançou uma contraofensiva em junho de 2023 com pouco sucesso e enfrenta atualmente uma nova ofensiva russa no leste.
As autoridades ucranianas têm criticado as hesitações e os atrasos dos aliados no fornecimento de armamento.
Desconhece-se o número de baixas civis e militares em mais de dois anos de guerra, mas diversas fontes, incluindo a ONU, têm admitido que serão elevadas.