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O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, reconheceu que "a depressão em Portugal tem caraterísticas epidémicas, é uma epidemia silenciosa".
O país conseguiu superar a crise económica, reduzir o seu desemprego e modernizar-se, mas o chamado "milagre português" não conseguiu atalhar a doença.
"Temos muito trabalho pela frente", admitiu em entrevista à agência Efe o governante, que exercia como médico antes de ocupar a pasta de Saúde no Governo do socialista António Costa.
Talvez por isso, o ministro prefere não especular sobre as raízes de um problema que, aponta, "é diferente de um ponto a outro do país".
Na região do Alentejo, onde tradicionalmente se regista o maior índice de suicídios do país, a doença relaciona-se com o isolamento, a pobreza, o envelhecimento e com aspetos de natureza familiar.
O ministro da Saúde reconhece que, enquanto Portugal pode-se orgulhar do trabalho que realizou em áreas como o tratamento do HIV ou a hepatite, "em saúde mental temos muito trabalho pela frente" e tal é "uma prioridade para o Sistema Nacional de Saúde".
O problema é especialmente complexo porque, afirma Campos, "não há um padrão" que define os motivos das elevadas taxas de suicídio no país, com uma média anual próxima às mil vítimas.
Um recente estudo de especialistas da Universidade de Coimbra concluiu que entre 1980 e 2015 foram registadas 31 mil mortes "autoinfligidas", com maior incidência em áreas rurais.
No ano passado, os portugueses adquiriram 20 milhões de psicofármacos, gastando cerca de 216 milhões de euros.