O presidente da Câmara do Porto aproveitou a cerimónia de lançamento da primeira pedra da nova sede da Liga Portugal para manifestar a opinião de que as verbas inscritas no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) estão mal distribuídas pelo território nacional.
Rui Moreira recorreu a valores que serão destinados à área da Cultura para fixar as diferenças que o levam a concluir que "em matéria de PRR o país está demasiadamente inclinado".
"Para a Cultura, e porque o Desporto faz parte da Cultura, as verbas inscritas no PRR prevêem 114 milhões de euros para a Área Metropolitana de Lisboa - e acho muito bem -, 19 milhões para o Centro, nove milhões para o Norte, três milhões para o Alentejo e 1,2 milhões para o Algarve. Em matéria de PRR o país está demasiadamente inclinado. Para quem gosta do jogo de futebol, do desporto, os campos não devem estar inclincados. Devemos dar condições às várias regiões do país de concorrerem livremente", defende.
"Isto nada tem a ver com guerras Norte/Sul. Temos é de ser capazes de ocupar o país e dividir as competências do país de forma ordeira. Por isso acho muito bem que a Federação Portuguesa de Futebol esteja em Lisboa e a Liga no Porto. É uma matéria que não podemos deixar passar de forma clara", acrescenta.
É por causa desta desigualdade, identificada por Rui Moreira, que a Câmara do Porto se envolve em projetos como o da construção da nova sede da Liga Portugal: "É por isso que o munícipio a que eu presido se sente sempre incovado quando uma institução como a Liga nos bate à porta e diz que precisa de mais alguma coisa", explica.
"Há três anos não havia um projeto, havia uma ideia, mas havia também vontade comum do presidente da Liga e da Câmara do Porto em manter a sede deste organismo na cidade, contrariando a debandada de várias instituições públicas para Lisboa ou o finca-pé de outras de em caso algum abandonarem a capital, como o Infarmed", recorda.
Camâra cede terreno. Liga investe
Rui Moreira confirma que a Câmara do Porto cede o terreno à Liga para a construção da nova sede, em Ramalde, e promove a respetiva isenção de taxas, mas salvaguarda que "a Liga assume o investimento, estimado em 18 milhões de euros".
"As negociações seguiram o seu curso, de modo a acautelar o interesse de ambas as partes. A escolha do terreno também obedeceu a uma grande ponderação. O terreno onde nos encontramos pareceu-nos a escolha óbvia. Vai reabilitar esta zona da cidade, vai trazer gente, requalificar os espaços verdes e promover a criação de emprego. O Porto vai ser casa de um centro de excelência para o futebol, nas áreas da formação e da investigação", afirma.
O novo edifício, de sete andares, tem fim de obra previsto para janeiro de 2023. A sede da Liga Portugal muda-se da Rua da Constituição para a Rua Padre Diamantino Gomes, mas mantém-se na cidade do Porto.