Arranca esta segunda-feira aquele que está a ser anunciado como o maior exercício aéreo da história da NATO.
Este tipo de ato, basicamente, serve para demonstrar o poder, a agilidade e a rapidez das Forças Aéreas dos Estados-membros da Aliança Atlântica na resposta a um eventual ataque de um país ou países agressores, algo já admitido pelos responsáveis da Força Aérea alemã.
Apesar de ter um carácter defensivo, é de sublinhar que este exercício tem lugar num quadro de guerra na Ucrânia. A embaixadora norte-americana em Berlim já veio dizer que o objetivo será, também, enviar uma mensagem de unidade da NATO a países como a Rússia.
Que meios estão envolvidos?
No terreno vão estar dez mil efetivos e 220 aeronaves de 25 países. Denominado "Air Defender 2023", o exercício vai ser coordenado pela Força Aérea alemã e nele vão participar ainda a Suécia e o Japão - dois países que não integram a NATO.
Só os Estados Unidos vão ter uma centena de aviões a voar na Europa durante 12 dias, até 23 de junho, data em que termina este exercício - que decorre na Alemanha, mas com meios estacionados, também, nos Países Baixos e na República Checa.
Há meios portugueses envolvidos?
Não, Portugal não participa.
De recordar que Portugal tem uma das suas esquadras de caças F-16 a participar na missão de patrulhamento do espaço aéreo da NATO na região do Báltico. De acordo com o Ministério da Defesa, na Lituânia estão mais de 80 militares portugueses e quatro F-16.
Mas o que é que estas forças vão testar? Qual é o cenário simulado?
Desta vez, o exercício da NATO simula a invasão da Alemanha por forças de uma aliança militar de Leste. Um cenário que faria acionar o artigo 5.º do Tratado da Aliança Atlântica - precisamente aquele que prevê a defesa coletiva, com o envolvimento de todos os membros da NATO, em caso de ataque contra um Estado-membro. Um ataque a um membro da NATO é um ataque a todos.
Neste cenário fictício do exercício "Air Defender 2023", as forças aéreas e terrestres invadem a Alemanha a partir do Leste. Controlam cerca de um quarto do país e tentam avançar para o mar Báltico e conquistar o porto de Rostock. As forças aéreas dos países envolvidos treinam, então, a resposta a um ataque deste género.
Não é estranho ter um exercício desta dimensão em zonas onde as populações têm a sua vida normal?
Sim. Por isso mesmo, as três áreas onde vão decorrer estes exercícios aéreos - no leste, norte e sul da Alemanha - vão ser utilizadas apenas durante duas a quatro horas por dia.
Por razões de segurança, estas zonas vão estar fechadas ao tráfego aéreo civil durante esses períodos.
Que implicações pode ter para a guerra na Ucrânia?
Essa é a grande dúvida. O Ocidente quer dar uma imagem de força e de unidade - e até que estará preparado para a eventualidade de países europeus serem alvos de misseis de médio alcance russos, armamento que tem sido utilizado contra cidades ucranianas ao longo de mais de um ano de conflito.
As autoridades de Moscovo estarão, certamente, atentas, principalmente devido à dimensão dos meios envolvidos, mas falta ainda saber o que dirá o Kremlin.