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O plástico não é o grande problema ambiental que se quer fazer crer e a indústria do setor “está na primeira linha das preocupações ambientais”. A garantia é dada esta terça-feira na Renascença pelo presidente da Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos.
“Para transformar uma tonelada de plástico necessitamos de muito menos energia do que qualquer outro material que o pudesse substituir”, explica.
Apontando dois estudos recentes dos Ministérios do Ambiente da Dinamarca e do Canadá, o responsável sublinha que “o saco de plástico é cerca de 19 vezes mais ecológico do que qualquer substituto desse saco”.
“A questão dos sacos de plástico é, pois, uma história muito mal contada”, conclui Pedro Colaço, convidado da Manhã da Renascença neste Dia Mundial do Ambiente.
Então, qual o problema do plástico?
O problema é o que se faz com ele. “Como o plástico é altamente descartável, os seres humanos são muito negligentes. Muitos de nós, muito facilmente, largamos na natureza o plástico e é esse o problema: não é o plástico, é o comportamento das pessoas”, defende o representante dos industriais do setor.
O facto de o plástico não ser biodegradável “também faz com que seja fácil de recolher”, destaca. Mas o que é que acontece?
“Na Europa, por exemplo, apenas 2% vai parar ao oceano. Mas, há outras partes no mundo, e nomeadamente a Ásia, em que há grandes quantidades de material que estão a entrar no oceano”, exemplifica para concluir que, “mais uma vez, isto tem a ver com a educação, com a cultura e isto é um problema absolutamente global”.
Então o que podem os consumidores fazer?
Os portugueses “podem começar por, em casa, fazer a recolha das embalagens de plástico, levá-las ao ecoponto e colocá-las no sítio certo”.
E, ainda em casa, ter o cuidado de “não as contaminar – ou contaminá-las o menos possível – com os resíduos biológicos”. A indústria pode, assim, “utilizar estas embalagens o mais rapidamente possível”.
E usar menos sacos de plástico? Faz sentido taxá-los?
Na verdade, não precisamos de muitos sacos em casa – apenas uns poucos que vamos reutilizando. “Porque o saco de plástico tem essa vantagem”: a reutilização.
Já quanto à medida do Governo de “taxar um saco 500%”, pode ter condicionado para melhor o hábito dos portugueses, mas as consequências ambientais não foram, na opinião de Pedro Colaço, positivas.
“O saco leve que usávamos em casa para colocar o lixo foi substituído por um saco pesado, portanto, efetivamente o que aconteceu foi um maior consumo de polietileno de baixa densidade, que neste momento está a ser colocado em aterro”, explica.
“A medida foi um fracasso em termos ecológicos”, conclui.
Parte da solução
O presidente da Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos garante que o setor quer “fazer parte da solução, não parte do problema”.
Nesse sentido, a indústria do plástico “está disposta a ajudar na consciencialização para a seleção do plástico em casa e para a maior eficiência de recolha por parte das empresas, sejam elas de autarquias ou privadas, para que este material chegue aos centros de reciclagem”.
Na opinião de Pedro Colaço, “o caminho é por aí”: apostar mais na reciclagem (e numa melhor reciclagem) e na educação das pessoas.
“Tem havido grandes investimentos ultimamente em centrais de reciclagem, o problema é que o material não chega aos tapetes. Em Portugal existe sobrecapacidade de reciclagem, porque a recolha não está a ser bem feita”, destaca.
Do lado da indústria, precisa dessa matéria-prima. “Está sedenta desse material e está, desde o primeiro dia, ao lado do Ministério do Ambiente, a tentar encontrar soluções” para melhorar a reciclagem.
ONU contra o lixo plástico
O plástico foi inventado há cem anos e aclamado como algo revolucionário, que permitiu avanços notáveis na tecnologia e na indústria. Mas, passado um século, é considerado um dos maiores problemas do planeta.
Para este Dia Mundial do Ambiente, as Nações Unidas escolheram como tema o combate à poluição dos plásticos. O secretário-geral, António Guterres, diz que o mundo está atolado em lixo plástico e que a cada ano mais de oito milhões de toneladas acabam por ir parar aos oceanos.
Em Portugal, esta tem sido também uma das principais preocupações dos ambientalistas, numa altura em que continua a ser baixa a reciclagem de plástico.