Moçambique continua a ser um dos países mais pobres do mundo. Em 2010, foram ali descobertas importantes reservas de gás natural, gerando grandes expectativas. Mas calcula-se que só daqui a cerca de dez anos essas reservas sejam exploradas em grau significativo.
Problemas financeiros e políticos travaram o crescimento económico moçambicano, que chegou aos 7% anuais, mas recentemente estagnou, enquanto a inflação subiu, diminuindo o já muito escasso poder de compra da grande maioria dos moçambicanos.
Moçambique foi financeiramente apoiado pelo FMI e por vários países, entre eles Portugal. Mas o escândalo de uns empréstimos externos secretos, a partir de 2013, envolvendo cerca de 2,2 mil milhões de dólares que desapareceram, minou a confiança dos países doadores.
Portugal, por exemplo, suspendeu o seu contributo habitual para o orçamento de Estado de Moçambique, mantendo apenas apoios sociais.
Por outro lado, mas não menos grave, a guerra civil entre o partido no poder, a Frelimo, e a oposição, a Renamo, nunca foi totalmente ultrapassada. A Renamo contestou todas as eleições ganhas pela Frelimo.
O acordo de paz de 1992, que teoricamente pôs fim a 16 anos de conflito armado entre a Frelimo e a Renamo, foi seguido por períodos de guerra civil intermitente e de baixa intensidade.
Dhlakama, líder da Renamo que morreu na semana passada, vivia desde há quatro anos, não na capital Maputo, mas na Gorongosa, no centro do país – onde o seu partido dispõe de um forte domínio territorial.
Pareciam bem encaminhadas as recentes negociações entre o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, e Dhlakama. Mas o líder da Renamo morreu – e ninguém sabe quem lhe sucederá. E ignora-se, ainda, se esse novo líder terá a força interna necessária para fazer algumas concessões ao governo da Frelimo, em troca de uma nova constituição que permita à Renamo um maior acesso ao poder em certas regiões de Moçambique.
O país encontra-se, uma vez mais, adiado.