Várias centenas de pessoas juntaram-se este sábado na Praça dos Poveiros, no Porto, para "lutar contra o fascismo" e em solidariedade com a comunidade imigrante.
Entoando palavras de ordem como "25 de Abril sempre, fascismo nunca mais" e "Fascistas chegou a vossa hora, os imigrantes ficam e vocês vão embora", cerca de 500 pessoas responderam ao apelo das associações e juntaram-se na Praça dos Poveiros para "lutar contra o fascismo, racismo e xenofobia".
"É possível e necessário combater as narrativas da extrema-direita, cuja função única é virar portugueses contra imigrantes", afirmou à Lusa Alexandre, membro da Habitação Hoje, uma das associações responsáveis pela manifestação.
A poucas horas de se iniciar na Praça D. João I a manifestação de extrema-direita, Alexandre lamentou a falta de respostas à carta aberta e considerou que o dia de hoje "apresenta riscos e perigos para quem está mais marginalizado na sociedade".
Munidas de cravos vermelhos e unidas em cânticos, as centenas rapidamente se tornaram milhares e da Praça dos Poveiros à Praça da Batalha entoavam: "Somos muitos muitos mil para continuar Abril".
Fahad Uddin e Kabir, naturais do Bangladesh, vivem há seis meses no Porto. Percebem pouco da língua portuguesa, mas não hesitam em defender que "todos têm o direito de ser livres e escolherem onde querem viver".
À semelhança de Fahad e Kabir, também Barbara Molnar se juntou aos manifestantes. De microfone em riste ia marcando o ritmo dos cânticos: "Contra o fascismo somos mais".
Há um ano e meio a viver no Porto, a brasileira defendeu à Lusa a importância de, no ano em que se celebram os 50 anos do 25 de Abril, "a luta pela liberdade sair à rua".
"A extrema-direita diz que os imigrantes são a causa de não existir habitação em Portugal, quando são precisamente os imigrantes que mais sofrem com as condições que encontram", lembrou.
Por já ter vivido fora do país, Bárbara Cunha não hesitou em mostrar o seu apoio com uma comunidade a que outrora já pertenceu.
"É muito importante mostrar que os imigrantes estão seguros em Portugal", afirmou, dizendo ser igualmente importante "lutar pela liberdade".
À medida que os manifestantes avançavam pelas ruas do Porto, vários eram os que fotografavam, filmavam ou, por curiosidade, espreitavam nas janelas e varandas.
"Trabalhadores unidos contra a exploração", "Racismo não é piada" e "Racistas e Fascistas fora daqui" referiam alguns dos cartazes exibidos pelos manifestantes.
Depois de percorrerem o Passeio de São Lázaro, a Rua de D. João IV, a Avenida Rodrigues e a Rua Alexandre Herculano, os manifestantes chegaram pelas 17h00 à Praça da Batalha, que parecia pequena para as milhares de pessoas.
"Não deixemos que a história se repita", lia-se num dos cartazes encostado junto chafariz da praça.
Durante o percurso não foram registados incidentes, confirmaram à Lusa os agentes da PSP no local.