Crise dos refugiados é “teste às raízes cristãs” da Europa, diz Marcelo
26-10-2015 - 17:42
 • Olímpia Mairos

Candidato presidencial considera que a crise de refugiados é uma oportunidade para “a Europa se reconciliar com a sua razão de ser”.

Marcelo Rebelo de Sousa diz que a Europa “tem de ganhar” a luta contra os “nacionalismos” e a “xenofobia”, acolhendo da melhor forma os refugiados, como fez ao longo dos séculos.

Para o candidato à Presidência da República, “a Europa tem um teste às suas raízes cristãs, à prática das bem-aventuranças, ao serviço dos mais pobres, dos mais explorados, à luta contra os egoísmos, contra os nacionalismos, contra a xenofobia, contra aquilo que fecha culturalmente os estados europeus e as sociedades europeias”.

“A Europa ou ganha ou perde. A Europa tem de ganhar essa luta”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, na sexta-feira, à margem da abertura do novo ano académico do Instituto Diocesano de Estudos Pastorais da diocese de Bragança-Miranda.

Marcelo diz, porém, que há várias manifestações de “apelo” ao “egoísmo”, à “xenofobia” e à “rejeição” daquilo que é a “missão tradicional da Europa”.

“Não é a primeira vez. São séculos, para não dizer milénios, a receber refugiados. E parece que só agora é que a Europa acorda para o problema que é acolher os refugiados”, alerta.

Para o candidato à Presidência da República, a crise de refugiados “é um grande desafio ao acomodamento, ao aburguesamento de uma parte da sociedade europeia”.

“Esta é uma oportunidade para a Europa se reconciliar com a sua razão de ser”, diz Marcelo, explicando que “a razão de ser da Europa não é geográfica nem económica, nem financeira, nem política”. “É uma razão de ser espiritual, de valores”, ao serviço dos quais “nasceu uma economia, uma prática financeira, um conjunto de instituições políticas”, conclui.

Bragança-Miranda disponível para acolher

A diocese de Bragança-Miranda, em articulação com à Cáritas Portuguesa e a Plataforma de Apoio aos Refugiados, tem três casas disponíveis para acolher refugiados.

“Acolher é a nossa primeira missão e o acolhimento deve ser gratuito”, diz o bispo D. José Cordeiro. “Acolher quem precisa, venha de onde vier. O acolhimento ao estrangeiro é uma atitude cristã.”

Três anos depois de ter sido recuperado por D. José Cordeiro, o Instituto Diocesano de Estudos Pastorais (IDEP) entregou na passada sexta-feira os primeiros diplomas de conclusão do ciclo de estudos. A cerimónia contou com uma conferência de Marcelo Rebelo de Sousa sobre João Paulo II e a misericórdia.