Esta é uma história do amor de uma tradutora à literatura escrita em português. Na Feira Internacional do Livro de Guadalajara, no México onde este ano Portugal é o país convidado de honra encontramos no pavilhão branco da editora mexicana Almadia livros com capas de cor verde, amarela, azul que saltam à vista. Nelas estão inscritos nomes de autores de língua portuguesa. Este trabalho de publicação começou com Gonçalo M. Tavares.
Ariana Gonzalez, que está na segunda maior feira do livro do mundo a acompanhar as vendas desta editora que nasceu no sul do México há 14 anos explica à Renascença que colocaram numa mesa em destaque este ano os autores que têm de língua portuguesa e são muitos e de diversas geografias.
Mas a culpa desta visibilidade da literatura escrita em português deve-se a um nome. Ana Maria Garcia Iglésias. Ela é uma tradutora apaixonada pela literatura lusófona e que começou por propor à editora o nome de Gonçalo M. Tavares.
“Tudo começou com ela, com a Ana Maria Garcia Iglésias. Foi a tradutora que nos vinculou e desde então, o Gonçalo M. Tavares é uma das nossas estrelas na Almadia. É da casa!” Um dos títulos que mais venderam do escritor português foi “Jerusalém”, mas há outros títulos traduzidos e que têm gerado o interesse dos mexicanos, como o livro que Gonçalo M. Tavares escreveu sobre o México “Canções Mexicanas”. O mais recente livro que traduziram do autor de “Uma Viagem à Índia” é a obra “Uma Menina está Perdida no Seu Século à Procura do Pai”.
Mas a partir de Gonçalo M. Tavares vieram outros, diz-nos entre vendas Ariana Gonzales que diz que se “enraizou” na editora o hábito de publicar autores de língua portuguesa.
“Começamos uma relação com outros escritores africanos de língua portuguesa como Mia Couto que é um dos escritores mais importantes atualmente, depois veio o Ondjaki que também é traduzido por Ana Maria Garcia Iglésias, e claro o José Eduardo Agualusa, bem como outros escritores de língua portuguesa como o brasileiro Eric Napomuceno”
Na Feira do Livro de Guadalajara esta é uma das livrarias onde os mexicanos compram autores de língua portugueses traduzidos para espanhol e as vendas, neste ano em que Portugal é o país convidado de honra da feira têm corrido bem. A presença de muitos dos autores que a Almadia tem no seu catálogo tem ajudado a dar visibilidade aos livros que publicam e a editora preocupou-se também em dar a conhecer aos estudantes mexicanos os seus autores.
No stand de vendas entraram, entretanto durante a nossa conversa três jovens mexicanas. Procuram por livros do brasileiro Eric Napomuceno. O autor irá visitar a escola destas alunas no próximo dia. Elas já levaram uma das suas obras “Bangladesh, talvez e outras histórias”, mas sabem que há outro livro e vieram procura-lo. O que elas não sabem é que o autor está na feira e no pavilhão da editora, mesmo ao lado delas.
Quando revelamos a estas raparigas de 16 anos que o escritor estava ali, ficaram incrédulas e aos mesmo tempo satisfeitas. Enquanto pensam que perguntas irão fazer ao autor na visita à sua escola, estas adolescentes mexicanas pediram ao autor para tirar uma fotografia com elas.