Papa aos ucranianos: “Quero unir-me às vossas lágrimas. A vossa dor é a minha dor”
25-11-2022 - 16:14
 • Aura Miguel

Francisco escreveu uma carta ao povo ucraniano nos nove meses da invasão do país pela Rússia.

Ao assinalar os noves meses do início da “loucura da guerra” na Ucrânia, esta sexta-feira, o Papa Francisco escreveu uma carta aos ucranianos, onde não esquece “o rugido sinistro das explosões e o som perturbador das sirenes”, as cidades bombardeadas, “enquanto chuvas de mísseis causam morte, destruição e dor, fome, sede e frio”.

Foram nove meses em que “muitos tiveram que fugir, deixando as suas casas e entes queridos”. Ao lado dos vossos grandes rios “correm rios de sangue e lágrimas todos os dias”, lamenta.

O Santo Padre garante que “não há um dia em que não esteja perto de vós e não vos traga no meu coração e nas minhas orações. A vossa dor é a minha dor.” Perante o imenso sofrimento do povo ucraniano, o Papa interroga-se: “Porquê? Como podem os homens tratar assim outros homens?”

A carta enuncia muitas situações e histórias trágicas de que Francisco tomou conhecimento, a começar por tantas crianças mortas, feridas ou órfãs devido à guerra. ”Choro convosco por cada miúdo que perdeu vida, como a Kira em Odessa, a Lisa em Vinnytsia, e como centenas de outros meninos: em cada um deles foi derrotada toda a humanidade”.

Francisco não esquece os jovens que abdicaram de uma vida pacífica e familiar para defender corajosamente a Pátria, agradece aos voluntários, aos pastores que permaneceram ao lado dos fiéis e reza pelas autoridades para que tomem decisões de paz e desenvolvimento a favor das populações.

O Papa manifesta uma especial proximidade, reforçada nestes meses, “em que a rigidez do clima torna ainda mais trágico o que estais a viver”. E espera que os ucranianos se sintam “consolados pelo carinho da Igreja, pela força da oração, pelo bem de tantos irmãos e irmãs que, em todas as latitudes, vos amam”.

Já a pensar na dureza do Natal que os ucranianos terão de enfrentar, Francisco termina a carta com palavras de conforto:

“Dentro de algumas semanas será Natal e o uivo do sofrimento será ainda mais sentido. Mas gostaria de voltar convosco a Belém, à provação que a Sagrada Família teve de enfrentar naquela noite, que só parecia fria e escura. Em vez disso, a luz veio: não dos homens, mas de Deus; não da terra, mas do céu.”