Há centros educativos a fechar valências e a redirecionar técnicos à espera de luz verde do Ministério das Finanças para novas contratações.
Segundo avança o Jornal de Notícias deste sábado, a Direção geral de Reinserção e Serviços Prisionais pediu, em outubro do ano passado, a contratação urgente de 44 técnicos, mas não obteve qualquer resposta do Ministério das Finanças até hoje.
Desde então encerrou-se uma unidade residencial na Bela Vista e meia unidade do centro educativo Padre António Vieira. Fechou também uma residência no centro Navarro Paiva e o centro de Vila do Conde deixou de ter unidade feminina.
Miguel Gonçalves, presidente do Sindicato dos Técnicos de Reinserção e Serviços Prisionais, explica à Renascença que a situação no terreno não permite o cuidado e atenção prevista aos jovens.
Sem técnicos profissionais suficientes, "os jovens deixam de ter segurança, deixam de estar acompanhados, deixam de ter modelos educativos para os poder acompanhar", garante Miguel Gonçalves, que é contra a solução muitas vezes utilizada de "recorrer a vigilantes de equipas privadas para substituir estes trabalhadores".
"Não há vagas. Se o tribunal mandar, não temos como internar... porque foram fechadas várias unidades. Basta ver que unidades femininas existe uma, atualmente, em Portugal. Existe em Lisboa. No resto do país não existe", explica. "Uma criança que seja de Trás-os-Montes, ou Bragança ou Porto...tem sempre de ir para Lisboa. Não há alternativa", exemplifica.
Quem enche uma vaga também costuma ter de dividir espaço com mais gente do que o expectável, por força das circunstâncias. "Quando não há vagas tem de se encontrar solução. O jovem está ali...tem de dormir onde calha", diz.
Outras vezes, fica longe do seu local de residência. "Fica afastado da família, completamente. É quase impossível ter visitas. A maiorparte das pessoas não consegue visitar os familiares porque ficam, por vezes, a distâncias que são impensáveis", admite.
"A maiorparte das pessoas está por conta própria"
Miguel Gonçalves, do Sindicato dos Técnicos de Reinserção Social, diz que o problema da falta de efetivos também afeta a vigilância eletrónica.
"Um trabalhador sozinho em Lisboa não consegue monitorizar o distrito de Faro, de Évora, Santarém, as ilhas... Aliás, já reunimos com a APAV a informá-los dessa situação". "A maiorparte das pessoas está por conta própria", avisa.
O presidente adianta, no entanto, que o Governo está a par destas dificuldades.
[notícia atualizada às 15h38 de 3 de junho de 2023]