São imagens que marcaram as últimas horas e que vimos em todos os telejornais - homens armados invadiram a televisão pública do Equador. Há militares a patrulhar as ruas das maiores cidades.
O que se passa?
Resumidamente, tudo começou com a fuga da prisão, no último domingo, de José Adolfo Macías Villamar, mais conhecido como "Fito". Ele é o líder do grupo criminoso "Los Choneros" e que tem ligações aos cartéis da droga. É um dos traficantes mais perigosos do Equador.
O Governo decretou o estado de emergência, decisão que gerou uma onda de violência que já fez 13 mortos e 300 detidos - com tumultos nas ruas e nas cadeias, invasões de universidades e hospitais, incluindo esse episódio da invasão, em direto, de um estúdio do canal estatal de televisão por parte de homens encapuzados e armados.
Mas como é que se chegou aqui? Como é que tudo começou?
O Equador vive um clima de conflito entre gangues criminosos, cartéis de droga e o próprio Governo.
Há já alguns anos que o país tem assistido a um número crescente de episódios de violência, com um pico na última campanha eleitoral para as presidenciais, durante a qual, um dos candidatos foi morto a tiro no final de um ato de campanha.
Essa eleição, mudou alguma coisa?
Mudou, porque o novo presidente equatoriano foi eleito com a promessa de um ataque cerrado ao crime organizado e ao narcotráfico.
Assim que assumiu o cargo, no ano passado, Daniel Noboa, de 36 anos, adotou medidas que desencadearam a resposta violenta por parte dos grupos criminosos no país. Entre elas, a decisão de iniciar o processo para acabar com a possibilidade legal de possuir pequenas quantidades de droga para consumo.
Mas o Equador era apontado como um país relativamente tranquilo. O que é que mudou?
Tem havido um crescimento dos grupos com ligações a grandes cartéis de droga de países vizinhos - nomeadamente do México e da Colômbia. Aliás, o acordo de paz assinado, há 8 anos, entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - as FARC - acabou por desviar os cartéis para o Equador e o país não estava preparado para combater esse fenómeno.
O Equador era considerado pacífico, no entanto, o número de assassinatos por 100 mil habitantes subiu de 6 para 46 entre 2018 e 2023.
E o que está a ser feito para travar este agravamento da situação e esta onda de violência?
Desde segunda-feira que o país se encontra em estado de emergência. Estão definidas seis horas de recolher obrigatório durante a noite.
O Presidente do Equador já fala num conflito armado interno e deu ordem às forças armadas para neutralizarem as organizações ligadas ao narcotráfico - classificadas como terroristas. Nas últimas horas, 40 reféns foram libertados.
Entretanto, os homens armados que invadiram o estúdio de televisão foram detidos e acusados do crime de terrorismo.