“Figura ímpar, cómico notável e improvisador de destaque”. É desta forma que o ministério da Cultura classifica Herman José que, esta terça-feira, vai receber a medalha de Mérito Cultural. Aos 70 anos e a celebrar 50 anos de carreira, o ator e humorista é assim agraciado pelo Estado.
“Desempenhou em Portugal um papel pioneiro na apresentação humorística de espetáculos, na televisão e ao vivo”, explica a nota biográfica do gabinete de Pedro Adão e Silva, que destaca o trabalho do humorista “incondicionalmente comprometido com a liberdade”.
A medalha será entregue em local a anunciar e no dia de aniversário do humorista, nascido em Lisboa a 19 de março de 1954. “Filho de Hermann Ludwig Krippahl, de nacionalidade alemã e espanhola, e de Maria Odette Antunes Valada”, Herman frequentou a Escola Alemã, em Lisboa.
Tinha apenas 18 anos quando iniciou a sua carreira artística. As primeiras aparições televisivas deram-se num programa juvenil onde participou como baixista do trio Soft.
“No início de 1974, faz parte do grupo In-Clave, banda residente do programa da RTP 'No Tempo em que Você Nasceu'”, sob a direção do maestro Pedro Osório, indica a nota do ministério da Cultura.
Mas foi pouco depois do 25 de Abril de 1974 que no Teatro ABC se estreou como ator na revista “Uma no Cravo, Outra na Ditadura”, uma peça com textos de José Carlos Ary dos Santos, César de Oliveira e Rogério Bracinha, e música de Pedro Osório, Thilo Krasmann e Fernando Tordo e que integrava no elenco atores como Ivone Silva ou Nicolau Breyner.
“O seu trabalho pauta-se por enorme diversidade, por um largo espectro de intervenções criativas e por uma imaginação irrefreável”, escreve o gabinete do ministro Pedro Adão e Silva.
Herman José estreou-se como ator em televisão, no programa “Nicolau no País das Maravilhas”, onde contracenou com Nicolau Breyner a rábula que se tornou famosa do “Sr. Feliz e Sr. Contente”.
“Torna-se a partir daí numa figura conhecida do grande público, impondo em definitivo o seu talento natural de ator e entertainer”, destaca a nota biográfica. No percurso de Herman José na televisão destaca-se ainda personagens que se tornaram icónicas como Tony Silva que surgiu pela primeira vez em 1980, no programa “O Passeio dos Alegres”, de Júlio Isidro.
Além de uma participação no Festival da Canção em 1983, Herman José consagrou a sua carreira sobretudo à televisão onde programas que se tornaram ícones como “O Tal Canal” (1983) e “Hermanias” (1984).
O seu sentido de humor levou a que o programa “Humor de Perdição” (1987-88) fosse suspenso pelo Conselho de Administração da RTP, “em reação a uma rubrica de “Entrevistas Históricas” que dessacralizava de forma desconcertante algumas maiores figuras da história do nosso país”, explica o ministério.
Passou também pela rádio onde se destacam programas como “A flor do éter”, “Rebéubéu, pardais ao ninho” e “Água mole em pedra dura entra muda e sai calada”, na Rádio Comercial. Passou ainda pela TSF, e pela Antena 1 com “Herman difusão Portuguesa”.
De regresso à televisão na década de 1990 são da sua autoria séries como “Casino Royal” ou programas como “Roda da Sorte” e mais tarde, o talk-show “Parabéns” (1992-96) ou “Herman Enciclopédia” (1997).
Nos últimos anos, Herman tem também dedicado o seu talento à apresentação de espetáculos ao vivo em todo o país e junto das comunidades portuguesas no estrangeiro.
“A sua longa carreira tem sido amplamente reconhecida e premiada. Entre outras distinções de prestígio, acumulou 12 Globos de Ouro, mais de 15 Se7es de Ouro e a Medalha de Honra da SPA entregue pelo presidente da instituição - José Jorge Letria - em 2014. A Presidência da República agraciou-o por duas vezes, primeiro com o grau de Comendador da Ordem do Mérito (a 10 de junho de 1992) e, mais recentemente, com o grau de Grande Oficial da Ordem do Infante Dom Henrique (a 7 de novembro de 2023)”, lê-se no comunicado.
O Governo português presta pública homenagem a Herman José, concedendo-lhe agora a Medalha de Mérito Cultural.