O Supremo Tribunal da Rússia decretou esta terça-feira "organização terrorista" o batalhão ucraniano Azov, dos últimos defensores da cidade de Mariupol, agravando a situação dos combatentes que foram feitos prisioneiros no sul da Ucrânia.
Citado pela agência TASS, uma juíza do Tribunal Supremo russo afirmou que a decisão "cumpre o pedido administrativo da Procuradoria-Geral, reconhecendo a unidade paramilitar ucraniana 'Azov' como organização terrorista e interditando as atividades dos seus efetivos" na Rússia.
A juíza declarou ainda que a decisão entra em vigor "de imediato" referindo-se ao batalhão como "regimento".
Paralelamente, decorre o julgamento dos prisioneiros de guerra ucranianos que alegadamente pertencem ao batalhão Azov.
O julgamento decorre à porta fechada, mas segundo a agência oficial TASS foram ouvidas testemunhas foram que falaram sobre supostos crimes cometidos pelo "regimento Azov" na Ucrânia.
De acordo com a legislação russa, os líderes de uma organização terrorista podem ser condenados a penas entre 15 a 20 anos de prisão, e os elementos que integram os grupos incorrem a penas de prisão entre cinco a dez anos.
Os membros batalhão Azov, uma unidade criada em 2014, durante a primeira invasão da Federação da Rússia contra o território da Ucrãnia, por voluntários liderados por Andrei Biletski, tendo sido mais tarde foi integrado no Exército regular de Kiev.
Natural de Kharkiv, o fundador do batalhão, Andrei Biletski, 42 anos, liderou no passado o partido xenófobo, antissemita e racista Assembleia Social Nacionalista (SNA) ucraniano.
Alguns membros do batalhão usaram, sobretudo entre 2014 e 2017, emblemas inspirados nos distintivos da Segunda Divisão da Alemanha nazi (Das Reich).
Recentemente, os efetivos do batalhão Azov estiveram presentes na defesa da cidade portuária ucraniana de Mariupol conquistada no passado mês de maio pela Rússia após um assédio militar que se prolongou durante vários meses e que começou praticamente após a nova invasão da Ucrânia, a 24 de fevereiro.
As últimas batalhas pela defesa da cidade travaram-se nas instalações da fábrica de produção de aço Azovstal tendo os últimos defensores apresentado a rendição no mês de maio.
O Kremlin e a propaganda do regime de Vladimir Putin acusam os membros do "regimento Azov" de serem um "grupo neonazi" que cometeram "crimes de guerra" sendo que devem ser "punidos com severidade".
Na semana passada, segundo as forças russas, bombardeamentos do Exército da Ucrânia atingiram a cadeia de Olenivka, na zona separatista no leste ucraniano, provocando a morte de vários prisioneiros que supostamente pertenciam ao "regimento Azov".
Kiev nega o ataque e acusa Moscovo de ter massacrado os prisioneiros.