O padre Ricardo Fonseca tomou posse como comandante da Corporação de Bombeiros Voluntários Pinhelenses, no passado dia 17 de julho, e disse à Agência Ecclesia que, nesta missão, tem “a vida destes homens e mulheres nas mãos”.
“Para além de padre, daquilo que traz consigo a vida própria de sacerdote, assumir estas funções não podemos esquecer dois aspetos fundamentais, são pessoas humanas e mais, tenho a vida destes homens e mulheres nas minhas mãos, nomeadamente quando vamos para teatro de operações, há que ter consciência desta realidade”, explica à Agência Ecclesia.
O sonho de ser bombeiro não veio da infância mas do “exemplo de um sacerdote, já falecido, que contava as peripécias de ser Bombeiro na Guarda” e o padre Ricardo Fonseca sentiu-se “cativado”, depois chegando a Pinhel manifestou vontade em ser bombeiro, “sem facilitismos”.
“Fui aceite a 28 de outubro, dia do aniversário da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários Pinhelenses, uma data que marcou”, recorda.
O sacerdote foi fazendo a carreira de bombeiro voluntário, depois promovido a bombeiro de terceira, até 2017, quando depois fez o curso de oficial e, há cerca de dois meses foi convidado a assumir o comando da corporação.
“Depois de três conversas tive de aceitar porque, quer deste lado quem vai em socorro e quem esta a ser socorrido é uma pessoa humana e, como padre, com a pedagogia de Deus é assim, a partir da realidade humana chegar à realidade espiritual e achei q devia aceitar”, assume.
Apesar da decisão lhe ter tirado “algumas noites de sono” aceitou o cargo, que tomou posse no dia 17 de julho, sentindo um com eles.
Sempre estive como um bombeiro como eles, no meu discurso de tomada de posse parafraseei as palavras de Santo Agostinho, ‘para vós sou comandante, convosco sou bombeiro’”.
O padre Ricardo Fonseca revelou que, nestes anos como bombeiro já suscitou “muitas perguntas em relação à missão de sacerdote”, mas sempre foi bem aceite entre os camaradas.
Em tempo de pandemia o entrevistado sente que esta nova missão comporta um “desafio mais avultado devido ao risco” a que os bombeiros estão expostos, mas sente o risco “como um hábito, que faz parte”.
Como comandante dos Bombeiros Voluntários Pinhelenses o padre Ricardo Fonseca olha este tempo de verão como propício aos alertas feitos às populações devido ao risco de incêndios.
“Acolher as chamadas de atenção não basta é preciso extremo cuidado das populações para não correrem o risco de acontecer, porque quando acontece, o nosso risco é maior, costumamos dizer que quando todos os outros vêm é quando nós temos de ir”, aponta.
O sacerdote deixa ainda um pedido às populações para que, em casos de incêndio, “se ponham à disponibilidade” dos bombeiros para que cheguem mais depressa, uma vez “que as populações conhecem melhor o local e os acessos”.
Ricardo Manuel de Jesus Fonseca nasceu em janeiro de 1981, no concelho da Covilhã.
Frequentou os seminários diocesanos do Fundão e Guarda e, atualmente, é pároco de Freixedas, Gouveias, Santa Eufemea, Pala, Sorval e Valbom, no concelho de Pinhel.
Os Bombeiros Voluntários Pinhelenses contam com um Corpo de Bombeiros com cerca de 70 elementos no Quadro Ativo e Comando constituído por um Comandante, um 2º Comandante e um Adjunto.