Fernando Medina acusa o PSD de estar a desempenhar “um papel de legitimação da direita mais radical” em Portugal. Uma acusação feita no seu discurso no congresso do PS, que decorre este fim-de-semana em Portimão, onde fez uma intervenção em que tentou marcar as diferenças que considera que devem ser valorizadas nestas eleições autárquicas.
O discurso de Medina foi feito pouco depois de o seu adversário mais direto, Carlos Moeda, ter terminado a intervenção na convenção autárquica do PSD, ali a 50 quilómetros, em Faro, onde o candidato do PSD a Lisboa tentou colar o candidato socialista a António Costa.
Medina apostou numa intervenção calma, em que nunca nomeou os adversários e optou por vincar as áreas em que as propostas políticas são diferentes. Em primeiro lugar, a habitação, defendendo um sistema em que o preço não dependa apenas do mercado, mas da capacidade para pagar, em que “cada um consiga ter a habitação que precisa para concretizar a sua vida e as suas ambições”.
A segunda área em que Medina quis vincar diferenças foi no combate às alterações climáticas. Disse que “há uma diferença entre os que enchem a boca com a preocupação com as alterações climáticas, mas que têm programas que mais não fazem do que repetir os modelos que nos trouxeram até aqui”.
O autarca socialista defende o transporte coletivo como um direito, considera o passe único uma revolução e espera que a aposta no sistema ferroviários – setor tutelado por Pedro Nuno Santos, há anos visto como o seu adversário dentro do PS – seja uma outra revolução.
O terceiro setor em que quis marcar a diferença foi a saúde, com a defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS) por oposição à proposta de Carlos Moedas, que promete um seguro de saúde para os idosos de Lisboa.
Por fim, a diferença de conceção da sociedade, com Medina, à semelhança do que já tinha feito Mariana Vieira da Silva, a dizer que só o PS garante a defesa de uma sociedade plural, que combata os extremismos e os radicalismos. Lembrou a entrevista do presidente dos autarcas sociais-democratas à Renascença e acusou: "O PSD está, desde o acordo que fez nos Açores, num jogo dissimulado para a aceitação da extrema-direita no arco da governação”.