A satisfação dos portugueses com o Serviço Nacional de Saúde caiu 21 pontos percentuais em dois anos, revela um inquérito internacional divulgado esta terça-feira, segundo o qual três em cada cinco pessoas reduziram gastos em saúde por questões económicas.
A insatisfação é particularmente evidente entre a população mais ativa (entre 35 e 70 anos) e, entre os 16 países inquiridos, Portugal está no 11.º lugar no "ranking" de satisfação, 32 pontos percentuais abaixo da Bélgica e 21 acima da Polónia (o mais alto e o mais baixo da lista, respetivamente).
Um total de "60% dos portugueses teve de reduzir os seus gastos em saúde e bem-estar devido à sua situação económica" e "cerca de um em cada dez teve de reduzir os gastos na compra de medicamentos", de acordo com as conclusões do inquérito europeu, que incluiu 32 mil participantes distribuídos por 16 países.
No plano da saúde mental, 65% dos portugueses dizem estar numa situação boa ou muito boa, 12 pontos percentuais acima da média.
Mas, em relação ao futuro, a expetativa dos portugueses é mais negativa - 16% acha que a sua saúde mental vai piorar, cinco pontos acima da média global do relatório de saúde STADA 2023, que é apresentado esta terça-feira em Oeiras.
"Questões financeiras, perda de um elemento familiar ou amigo, problemas de saúde e a guerra são os principais fatores que geram preocupação nos portugueses", lê-se no estudo, que alerta para a falta de diálogo sobre o tema.
"Embora haja um maior nível de preocupação em Portugal, um em cada cinco portugueses não fala com ninguém sobre os seus medos e preocupações" quanto à saúde mental, com uma maioria (52%) a falar apenas com amigos e família.
Apenas 10% tem por hábito consultar um psicólogo e 16% dos inquiridos costuma falar sobre a sua saúde mental com o médico de família.
No capítulo do sono, "64% afirmam ter "uma boa noite de sono"", seis pontos abaixo da média geral.
Um total de 73% dos portugueses aumentou as medidas preventivas de saúde, um resultado em linha com os restantes países da Europa.
De entre os portugueses que aumentaram essas medidas preventivas, 34% indicaram que optaram por dietas mais saudáveis, 24% procuraram mais o aconselhamento do médico de família, 21% fizeram mais rastreios de saúde, 20% aumentaram a ingestão de vitaminas e 18% recorreram a um maior uso de medicação.
No entanto, quase metade dos portugueses inquiridos (48%) não compareceu em nenhum dos rastreios preventivos disponíveis. Entre as razões elencadas, 38% disseram não saber quais os rastreios a fazer, 29% alegaram dificuldades financeiras e 18% acreditam que não têm necessidade.
Numa comparação com os restantes países europeus, Portugal ultrapassa, na maioria, a média global na realização de rastreios oncológicos.
Já nos rastreios dentários e realização de análises clínicas, Portugal está muito abaixo da média europeia no STADA.
Também sobre a possibilidade de um teste genético para avaliar os possíveis riscos futuros de saúde, 94% dos portugueses mostraram-se favoráveis, muito acima da media europeia (81%).
Nas respostas, os "portugueses afirmam ser menos dependentes de medicamentos analgésicos", com um "consumo inferior à média dos restantes países da Europa", e mostram ser mais conhecedores das diferenças entre os remédios.
Entre os 32 mil inquiridos, "existe um maior interesse pela saúde", com Portugal "18% acima da média global", um sinal de que os portugueses "pretendem manter-se atualizados sobre os temas" do setor.
O Relatório de Saúde STADA é uma publicação anual que analisa o panorama da saúde na Europa, com informações sobre os efeitos imediatos e a longo prazo da pandemia na vida dos europeus, incluindo a forma como afetou a sua saúde mental e alterou hábitos.