O primeiro-ministro considerou que hoje é "um dia histórico", depois de o Conselho Europeu decidir abrir as negociações para a integração da Ucrânia e da Moldova, defendendo que o impasse húngaro foi resolvido de "forma elegante".
"É um dia histórico. Ao contrário do que muita gente achava, foi possível estabelecer-se um consenso para abrir as negociações quer com a Ucrânia, quer com a Moldova, e também um impulso forte no que diz respeito aos Balcãs Ocidentais", disse António Costa aos jornalistas, depois de o Conselho Europeu, reunido em Bruxelas, conseguir abrir as negociações formais com os dois países.
O consenso só foi possível porque o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, saiu da sala no momento da decisão, desbloqueando o impasse criado pela própria Hungria.
António Costa revelou que esta opção, prevista nos Tratados da União Europeia (UE), "foi devidamente acordada" com Orbán.
"A Hungria não queria bloquear a decisão, mas não se queria associar à decisão. Depois da discussão, que foi longa, concluiu-se que, não querendo bloquear a decisão, mas também não se querendo associar, havia uma forma elegante de resolver, que era não estar na sala no momento da votação desse ponto", sustentou o primeiro-ministro demissionário.
António Costa revelou que foi o chanceler alemão, Olaf Scholz, que encontrou a solução para resolver o problema provocada por Budapeste: "O chanceler Scholz, na altura, propôs que a Hungria considerasse essa hipótese e o primeiro-ministro Orbán concluiu que era uma boa solução para não bloquear, não tinha sentido prolongar a discussão".
"Há várias reuniões que o primeiro-ministro da Hungria insistia que era necessário fazer uma discussão estratégica sobre o relacionamento com a Ucrânia. Esse debate estratégico foi feito e acho que ficou reconhecido. Em função disso, [Orbán] percebeu que estávamos numa posição em que havia 26 que tinham uma posição. Ele tinha uma posição distinta", explicou.
Ainda assim, António Costa criticou a postura do homólogo húngaro: "Há países que entendem que se devem substituir à Comissão Europeia e fazer a sua própria avaliação, é o caso da Hungria, que entende que a Ucrânia não cumpriu os requisitos para poder aderir [à UE]".
O Conselho Europeu decidiu hoje abrir as negociações formais de adesão à União Europeia (UE) com a Ucrânia e a Moldova, anunciou o presidente da instituição, falando num "sinal claro de esperança" para estes países.
"O Conselho Europeu decidiu abrir negociações de adesão com a Ucrânia e a Moldova", anunciou Charles Michel, numa publicação na rede social X (antigo Twitter), após horas de discussões entre os chefes de Governo e de Estado da UE, reunidos hoje em cimeira europeia, em Bruxelas, um encontro marcado pelas ameaças húngaras de veto a decisões como a agora conhecida.
Para o presidente do Conselho Europeu, este é "um sinal claro de esperança para os cidadãos destes países e para o continente" europeu.
A porta-voz de Charles Michel precisou depois à imprensa em Bruxelas que "o Conselho Europeu tomou uma decisão e ninguém a contestou", isto depois de a Hungria ter vindo a ameaçar vetar a decisão de abertura de negociações formais com a Ucrânia por preocupações relacionadas com a corrupção no país.