A Associação dos Médicos Católicos Portugueses defende a proposta de recompensar os médicos de famílias com utentes sem abortos ou doenças sexualmente transmissíveis (DST).
"Os médicos não devem ganhar menos por não haver abortos na sua lista, ou por não haver DST, mas devem ganhar mais porque o objetivo da medicina é preventivo", diz à Renascença João Paulo Malta.
A proposta, avançada pelo jornal "Público" defende que os médicos de família, e os restantes membros das equipas, podem ser avaliados por interrupções voluntárias da gravidez (IVG) realizadas pelas utentes da sua lista e pela existência de doenças sexualmente transmissíveis (DST) nas mulheres.
Esta medida leva o médico a elogiar a ideia como forma de discriminação positiva do trabalho destes profissionais de saúde.
"Se um colega tem os seus doentes bem controlados, com um número mínimo de doenças, incluindo DST, e com o número mínimo de abortamentos, isso só mostra que o colega está a fazer bem a sua função", declara.
A noticia, que não foi bem recebida por todas os médicos, não encontrou a mesma oposição por parte do membro da Associação dos Médicos Católicos Portugueses.
"Qualquer médico que trabalhe num serviço de saúde nomeadamente num serviço de saúde público, se tiver melhores indicadores de saúde na sua população deve ser recompensado por isso", remata.
Estes dois critérios (a interrupção voluntária da gravidez e a existência de doenças sexualmente transmissíveis) são acrescentados a outros seis.
Foram propostos pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), validados pela Direção-Geral da Saúde (DGS), e o Grupo de Apoio às Políticas de Saúde na área dos cuidados de saúde primários, e foram enviados ao Ministério da Saúde no ano passado, que ainda está a analisar, refere o jornal.