O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, apagou este domingo uma controversa publicação nas redes sociais em que culpava as forças militares e os serviços secretos por lhe fornecerem informações erróneas antes do violento ataque do Hamas a 7 de outubro.
Enfrentando duras críticas, Netanyahu apagou essa publicação na rede social X (antigo Twitter) e publicou um novo post em que pede desculpa pelas alegações e garante que apoia totalmente os líderes militares e dos serviços de informação do país.
"Cometi um erro. As coisas que disse não deveriam ter sido ditas e peço desculpa por isso."
Na primeira publicação, o chefe do Governo sublinhava que não recebeu qualquer aviso sobre as intenções do Hamas de iniciar uma guerra contra Israel, culpando o estabelecimento de defesa hebraico – nomeadamente Aharon Haliva e Ronen Bar, respetivamente líderes da secreta militar (MI) e do serviço de segurança Shin Bet – pelo falhanço em antecipar o ataque de há três semanas, que fez 1.400 mortos, cerca de 5 mil feridos e mais de 200 reféns.
"Sob nenhuma circunstância nem em qualquer fase foi o primeiro-ministro Netanyahu avisado sobre as intenções do Hamas em entrar numa guerra", lia-se nesse post, na conta oficial do primeiro-ministro israelita.
"Todos os oficiais de Defesa, incluindo os líderes do MI e do Shin Bet, acreditavam que o Hamas estava sob controlo. Esta foi a análise apresentada várias vezes ao primeiro-ministro e ao Governo pelos vários oficiais de Defesa e dos serviços de informação até ao eclodir da guerra", adiantava Netanyahu.
Benny Gantz, que integra o gabinete de guerra criado após os ataques do Hamas, juntou-se ao coro de críticas a Netanyahu, exigindo ao primeiro-ministro que voltasse atrás nas declarações.
"A liderança exige demonstração de responsabilidade. Qualquer palavra ou ação danificam a resiliência e a força da nação", disse o ministro. Dirigindo-se ao estabelecimento de defesa israelita, Gantz acrescentou: "Estamos todos convosco. Toda a sociedade israelita está a carregar este fardo. Não olhem para cima ou para trás – continuem a vossa missão.”
Gabi Ashkenazi, ex-líder das Forças de Defesa de Israel (IDF) e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, também exigiu a Netanyahu que apagasse a publicação, após um encontro entre ambos na semana passada, durante o qual o primeiro-ministro tentou sondar o antigo governante sobre a sua disponibilidade para se juntar aos esforços de guerra, adianta o jornal israelita Haaretz.
O controverso post de Netanyahu surgiu horas depois de uma conferência de imprensa com Ganz e o ministro da Defesa, Yoav Gallant, durante a qual o chefe do Governo respondeu a questões dos media pela primeira vez em três semanas, desde o ataque do Hamas.
Como em anteriores declarações públicas, Netanyahu garantiu que, "após a guerra, toda a gente terá de responder a questões difíceis", incluindo ele próprio.
"Neste momento, a minha tarefa é salvar o país. Este foi um terrível falhanço que vamos investigar a fundo, prometo. Nenhuma pedra ficará por revirar", assegurou, classificando os atuais ataques à Faixa de Gaza como "a segunda guerra da independência" de Israel.
Desde 7 de outubro, os bombardeamentos e ataques de Israel à Faixa de Gaza fizeram mais de 7.700 mortos, incluindo 3.500 crianças, e 19 mil feridos, de acordo com o balanço do Hamas, que controla o enclave palestiniano desde 2007.