ONU. Sondagem mantém Guterres à frente na corrida a secretário-geral
04-08-2016 - 07:59

Doze candidatos – seis homens e seis mulheres – concorrem ao cargo. Preferências iniciais de que fosse uma mulher a substituir Ban Ki-moon parecem ter começado a cair.

O antigo primeiro-ministro António Guterres está a ganhar terreno na corrida para secretário-geral das Nações Unidas e poderá obter bons resultados na segunda votação secreta do Conselho de Segurança, a decorrer na sexta-feira.

De acordo com a agência Reuters, que sondou alguns diplomatas, começam a esvair-se as pretensões de eleger uma mulher no lugar este ano. Os mais cautelosos dizem, contudo, ser ainda cedo para prever quem poderá vir a substituir Ban Ki-moon.

Certo é que nenhuma das candidatas ficou em primeiro ou segundo lugar na primeira votação secreta do Conselho de Segurança, realizada a 21 de Julho. António Guterres aparece em primeiro, com um forte encorajamento à permanência na corrida e sem qualquer indicação de desencorajamento.

Na votação, os membros deste órgão das Nações Unidas têm, para cada candidato, têm um boletim, no qual declaram se encorajam, desencorajam ou simplesmente não têm opinião sobre a candidatura.

A 21 de Julho, António Guterres obteve 12 votos de encorajamento e apenas três boletins reflectiam indiferença. Um deles foi da Rússia.

“O facto de a Rússia não ter expressado qualquer opinião sobre Guterres é significativo”, afirma à Reuters um diplomata sénior do Conselho. “Se houver outra votação sem qualquer voto de desencorajamento, penso que terá grandes probabilidades de vir a ser o próximo secretário-geral”, adiantou, sob anonimato.

Questionado sobre se pensa desencorajar a candidatura de Guterres, o embaixador russo, Vitaly Churkin, responde com um sorriso: “Porque haveria de o fazer? É um bom homem”.

Em segundo lugar ficou o antigo Presidente esloveno Danilo Turk e é em terceiro que aparece a primeira mulher: Irina Bokova, directora-geral da UNESCO.

“É uma pena que nenhuma mulher apareça em primeiro ou segundo lugar”, afirmou à Reuters o embaixador da Ucrânia nas Nações Unidas, Volodymyr Yelchenko, actualmente membro do Conselho de Segurança.

Colômbia lidera defesa pela igualdade de género

Quase um terço dos 193 membros das Nações Unidas defende que o próximo secretário-geral deve ser do sexo feminino. Foi mesmo constituído um grupo (Grupo de Amigos por uma Mulher para Secretário-geral), liderado pela Colômbia e do qual fazem parte também o Japão, Espanha, o Uruguai e a Venezuela.

A embaixadora colombiana na ONU, Maria Emma Mejia, congratula-se por ter colocado a igualdade de género na agenda da campanha, mas lamenta os resultados da votação no Conselho de Segurança.

Ainda assim, não descarta já “a hipótese de ser eleita uma mulher” e garante que irá pressionar aquele órgão das Nações Unidas para ponderarem melhor as candidaturas femininas.

São 12 os candidatos ao cargo. Seis homens e seis mulheres. Na sexta-feira, os 15 membros do Conselho de Segurança voltam a pronunciar-se sobre cada uma das candidaturas.