O ex-presidente catalão Carles Puigdemont defendeu hoje a necessidade de manter as precauções nas negociações com o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e recusou-se a mudar esta posição "por mais pressa que algumas pessoas tenham".
A reunião da direção do Juntos da Catalunha (JxCat), que decorreu em Bruxelas liderada por Puigdemont, terminou esta tarde sem ter sido alcançado um acordo com o PSOE para a investidura de Pedro Sánchez.
Horas depois, Puigdemont escreveu na sua conta na rede social X: "Sempre dissemos que quando se trata do sistema político espanhol todos os cuidados são poucos".
"Não mudaremos a prudência e as precauções que mantivemos até agora por mais pressa que alguns tenham".
O líder da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), Oriol Junqueras, questionado hoje sobre o facto do JxCat ainda não ter fechado o acordo com o PSOE, pediu "máxima responsabilidade" àquele partido.
"Gostaríamos de pensar que todos os espaços políticos ajudarão a que tudo corra bem", frisou Junqueras, após anunciar o acordo alcançado entre os republicanos e o PSOE.
O PSOE, liderado por Pedro Sánchez, e a ERC, do presidente do governo regional, Pere Aragonès, já tinham anunciado na terça-feira um acordo de amnistia para os envolvidos na tentativa de autodeterminação da Catalunha que culminou com uma declaração unilateral de independência em 2017.
O acordo foi fechado e formalizado hoje com a assinatura de um documento pelo dirigente socialista e atual ministro da Presidência do Governo, Félix Bolaños, e por Oriol Junqueras, presidente da ERC, antigo vice-presidente do executivo regional e um dos condenados pelo processo de 2017.
Segundo fontes dos dois partidos, além da amnistia, o acordo contempla também a passagem da gestão dos comboios suburbanos e regionais da Catalunha para a tutela do governo regional, assim como questões relacionadas com o financiamento da comunidade autónoma.
A amnistia é a exigência feita pelos partidos catalães para viabilizarem um novo Governo de esquerda em Espanha, com uma coligação do PSOE e da plataforma Somar, liderado por Pedro Sánchez.
Além da ERC, a amnistia é exigida pelo JxCat, o partido de Puigdemont, que vive na Bélgica desde 2017 para fugir à justiça espanhola.
Para ser reconduzido no cargo de primeiro-ministro, Sánchez precisa ainda do voto dos deputados de mais três partidos nacionalistas e independentistas da Galiza e do País Basco (Bloco Nacionalista Galego, Partido Nacionalista Basco e EH Bildu).
O acordo com a ERC é o primeiro que o PSOE fecha com os partidos de que precisa para a viabilização do novo Governo pelo parlamento.
Se até 27 de novembro não houver novo primeiro-ministro investido pelo parlamento, Espanha terá de repetir as eleições.