O Sínodo dos Bispos que está em curso e a Jornada Mundial da Juventude (JMJ2023) estão relacionados e devem avançar em conjunto, defendeu esta segunda-feira o patriarca de Lisboa, o cardeal D. Manuel Clemente.
"O que faremos agora e acompanharemos depois, nas fases seguintes do Sínodo dos Bispos decorrerá a par com a preparação e efetivação da Jornada Mundial da Juventude, que o Papa Francisco marcou para Lisboa em agosto de 2023. Até ao Verão de 2023 participaremos de algum modo - com a oração sempre, diretamente quando for possível e formos solicitados para tal - na preparação e na efetivação do Sínodo dos Bispos e, ao mesmo tempo, nesta outra incumbência que o Papa nos deu de organizarmos aqui a Jornada Mundial da Juventude. As duas são realidades sinodais, pelo que certamente avançarão em conjunto”, disse D. Manuel Clemente, no lançamento da fase diocesana do Sínodo dos Bispos.
Apesar de estar a falar na abertura da fase diocesana do Sínodo, o patriarca de Lisboa foi sempre apontando caminho para a Jornada Mundial da Juventude, que vai decorrer em Lisboa em 2023. Um acontecimento que, acredita, também vai servir de realento para a sociedade portuguesa.
"É algo que ultrapassa em grande escala tudo o que alguma vez organizámos em Portugal, mas estamos crentes de que constitui uma magnifica oportunidade de rejuvenescimento anímico para os que estão e para os que virão de todo o mundo. Aliás, é algo sinodal também por ser caminho feito em conjunto e destinado a todos. Assim o entenderam os poderes público, reconhecendo a oportunidade e apoiando a realização da Jornada Mundial da Juventude em Lisboa a bem da sociedade em geral que bem precisa de realento depois da grande depressão pandémica de que ainda não saímos e que devemos ter todo o cuidado para não regredir", acrescentou o bispo de Lisboa.
As restantes dioceses portuguesas começaram a fase diocesana do Sínodo no dia 17, mas Lisboa fez coincidir este início com o dia da dedicação da Sé. Na sua intervenção, D. Manuel Clemente sublinhou a necessidade de abertura a todos, nesta fase auscultação e mobilização da comunidade.
“Escutaremos todos os que se queiram associar ao nosso caminho sinodal, sem esquecer o âmbito ecuménico e inter-religioso”, disse o patriarca, que apelou a uma valorização efetiva “todas as instâncias de sinodalidade” que já estão previstas, como conselhos pastorais e económicos em cada encontro, reuniões de vigararias (conjuntos de paróquias e unidades pastorais), conselhos e instâncias de corresponsabilidade diocesana.
A sessão contou com o responsável pela Equipa Coordenadora Diocesana do Sínodo dos Bispos, o cónego Rui Pedro, que explicou que o sacerdote explicou que o Patriarcado vai formar uma rede de “coordenadores locais”, nesta primeira etapa do processo sinodal, a nível diocesano.
Já em novembro vão decorrer ações de formação para os coordenadores locais e para todos os que quiserem participar, em regime presencial ou online.
A auscultação das Igrejas locais é uma etapa inédita, desenhada pelo Papa Francisco, que pediu a cada bispo que replicasse a celebração de abertura que decorreu no Vaticano, a 9 e 10 de outubro, com uma cerimónia diocesana.
A Santa Sé pediu ainda que cada diocese tenha “uma pessoa ou uma equipa de contacto para liderar a fase local de escuta”.
As respostas recolhidas podem ser enviadas para Roma e devem ser entregues à respetiva Conferência Episcopal até abril de 2022, para uma síntese nacional.
O Vaticano explica, no guia prático (vademécum) distribuído em todo o mundo que “a finalidade da primeira fase do caminho sinodal é favorecer um amplo processo de consulta”, com atenção à “voz dos pobres e dos excluídos, não somente daqueles que desempenham alguma função ou responsabilidade” na própria Igreja.